Amizade entre primos

A amizade entre primos é uma coisa muito especial e merece ser cultivada. O Felipe tem sorte de ter a companhia do Francisco, 18 dias mais velho, filho da Luisa Saboia, irmã do meu marido Joaquim. Já o meu novo baby, terá os gêmeos Pedro e Tomás, filhos dessa mesma irmã, com diferença de um ano de idade. Menciono somente os primos-irmãos, pois os de segundo grau da mesma geração também contam muito!

Apesar de ter primos de ambos os lados, cresci convivendo apenas com os por parte de pai, Helio Fraga Neto e Bernardo Fraga, pois a única irmã da minha mãe, Tatiana Mindlin, teve três filhos, mas foi morar nos EUA quando eu era bem pequena. Não convivi muito com essa banda, mas o carinho é enorme e nos encontramos sempre que possível.

Já com os dois primos homens, aprendi a ser moleca e explorei as brincadeiras de menino ao extremo. A ponto de ganhar de aniversário de sete anos um Ferrorama e achar que era o brinquedo mais incrível do mundo. Comandos em Ação, garagem de carrinhos, Maximus de controle remoto, Falcon e Super Trunfo dividiam espaço no meu armário com as bonecas. O inverso não acontecia, apesar de nossos pais nunca terem externalizado preconceitos. Acho que simplesmente porque as brincadeiras de menino são mais divertidas.

Minha avó Sylvia, mãe do meu pai, tem uma casa em Petrópolis, onde passei todos os verões da minha infância na companhia desses primos e dos meus irmãos. Ficávamos três meses direto lá com nossas mães inteiramente dedicadas a nós e nossos pais descendo na segunda-feira para trabalhar e retornando na sexta. Minha mãe, Katia Mindlin Leite Barbosa, só se tornou uma alta executiva da casa de leilões internacional Sotheby’s, da qual ela é hoje Presidente no Brasil, quando eu já tinha uns nove ou dez anos. Ela também deve sentir falta daqueles tempos…

As brincadeiras surgiam das coisas mais improváveis. Um dia de chuva forte que trazia lama para o portão de entrada era razão para calçarmos nossas galochas e ajudarmos o jardineiro na limpeza. Acampávamos no jardim, jogávamos pingue-pongue, sinuca (sob ameaça de que se rasgássemos o feltro ficaríamos a vida inteira de castigo), pique-esconde, bicicleta, gato-mia, caça aos insetos, corrida de chapinha em volta da borda da piscina, marco-polo, queimado, polícia e ladrão e outras coisas mais até cairmos exaustos na cama. Aprendi jogos de tabuleiro, como dama e gamão, e de carta, como buraco e crapô, quando os meus dedos ainda eram pequenos demais para segurar o baralho com apenas uma mão.

A única televisão da casa raramente estava disponível. A gente tinha Atari e jogava Pitfall e Pac-Man, mas não éramos obcecados por videogame como as crianças de hoje em dia.

Acredito que os pais são responsáveis por ajudar a desenvolver a proximidade entre primos. Essa semente que a gente planta no início da vida, se for regada, tende a dar frutos e se transformar em uma amizade forte para a vida toda.

Dedico esse post aos queridos Helio e Bernardo Fraga.

 

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Eu, de vestido amarelo, entre os primos Bernardo e Helio

 

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O meu filho Felipe (de violão e roupa azul) com o irmão João Carlos e os primos Francisco, Tomás e Pedro