Água na cabeça 

Pessoal, uma leitora assídua do blog, que preferiu que eu não a identificasse, me pediu que abordasse o tema das infecções urinárias e dos cálculos renais recorrentes na gestação. Como tive a sorte de não passar por isso até agora, pensei que seria muito mais enriquecedor compartilhar sua história, que traz conselhos de quem já passou por essa experiência tão difícil.

Relato de uma gestante

Desde que descobri que estava grávida, reforcei a ingestão de água. Sofro com cálculos desde que tenho 18 anos, estou com 36. Nunca gostei muito de beber água, sou viciada em Coca Zero. Mas, com medo da infecção urinária e dos cálculos, que atingem um grande número de grávidas, reforcei bastante o hábito de beber água. A gravidez foi passando e nada de cálculos nem de infecção urinária, e confesso que relaxei com a água…

Até que, num domingo pela manhã, começou uma dorzinha nas costas e, como sou médica e já tinha sentido isso antes, suspeitei de infecção urinária. Mandei um whatsapp pra minha obstetra, que me mandou ir para uma Emergência obstétrica imediatamente. Achei um exagero, mas, enfim, fui tomar um banho e me aprontar, afinal, quando a gente entra numa Emergência, nunca sabe o que vai acontecer. Peguei um táxi e já cheguei lá urrando de dor. Tudo muito rápido. Feitos os exames do bebê e de urina, e nada sendo detectado, a plantonista me mandou para casa. 

Eu já sabia que isso não ia dar certo… Entrei em contato novamente com a minha obstetra, que estava viajando de férias com a família. Ela me pediu que fosse a uma outra Emergência avaliar os rins e as vias urinárias. Passei por mais uma Emergência, onde fui extremamente maltratada e destratada pela médica de plantão, mesmo sendo uma colega e estando gestante de 26 semanas.

Enfim, consegui chegar à Emergência do Copa Dor, onde fui prontamente atendida. Foi realizado meu usg das vias urinárias. O cálculo estava obstruindo o ureter, que liga o rim à bexiga, e não deixando a urina chegar à bexiga. O rim foi inchando… Fui direto para a UTI, com cirurgia de urgência para a manhã seguinte.

Graças a Deus, o cálculo saiu durante a cirurgia para a implantação de um cacetear que alarga o ureter. Mas eu já estava com sepse. E começaram as contrações… Pânico total de o meu bebê nascer, afinal, eu estava com apenas 26 semanas. Minha médica foi fantástica e antecipou a volta das férias com a família para me dar um suporte maior.

Fui transferida para a São José, devido ao risco de parto prematuro. Recebi duas bolsas de sangue e minha médica iniciou um processo chamado tocolise, para evitar as contrações e manter a gestação o quanto mais fosse possível. Nesse momento senti muito, muito medo de ter um bebê tão prematuro e das consequências que isso tudo poderia ter.

A partir daí, fui melhorando a cada dia, e após 10 dias de internação, dos quais seis foram na UTI, tive alta. A vida já voltou ao normal, com algumas restrições, claro. Já voltei a trabalhar e agora estou com 30 semanas. Cada semana completada é uma vitória.

Agora bebendo muita água e torcendo para que os dois cálculos que tenho, um em cada rim, se comportem até o fim da gestação. E tomando toda a medicação para prevenir uma infecção urinária e o parto prematuro.

Lembrando que estou ótima, em perfeito estado de saúde, e, como costumo dizer, só não estou pronta pra outra porque não vai haver outra!!!!!

Pessoal, então fica o registro: beber muita, muita água, tipo quatro litros por dia!!!!! E quem tem história de cálculo deve consultar cedo um urologista pra receber recomendações.