Santa ajuda

Tive uma primeira gravidez um pouco tumultuada e sabia que não ia poder contar muito com o pai da criança durante a semana, já que ele estava vivendo um momento turbulento no trabalho, na época. Felizmente, tivemos disponibilidade financeira para contratar duas pessoas para me ajudar com o bebê, uma para durante a semana e outra para nos fins de semana. Admiro muito as mulheres que dão conta do recado sozinhas, mas eu nem cogitava esse modelo. Minha mãe, que poderia ser uma alternativa, é uma mulher independente e muito presente, mas não faz o gênero vovó-a-postos-para-dar-plantão. Nem sei se seria bom pro meu casamento ter qualquer outro membro da família dando expediente aqui em casa. Então, não me restava saída além de contratar uma profissional (no caso, duas).

Eu sabia que não adiantava sair entrevistando candidatas muito antes do parto, pois dificilmente conseguiria firmar um compromisso com tanta antecedência. As melhores cuidadoras estão sempre saindo de uma casa para a outra. A estratégia mais eficiente é avisar as amigas e correr atrás da indicação de conhecidos que tiveram a oportunidade de conviver com aquela babá ou enfermeira. Entrevistei umas seis candidatas e bati na trave com uma moça, que recuou depois de ter me dado um “fechado”. Porém tive a sorte de ter, ao invés de uma, duas pessoas maravilhosas: dona Helena e Ana Cristina, mãe e filha, que entraram na minha vida como um raio de sol.

Nesse processo de entrevistas, contei muito com a ajuda da minha mãe para formular as perguntas adequadas. Hoje vou tentar me lembrar de algumas para ajudar quem ainda for passar pelo processo.

Quais as suas experiências com crianças?
Acho fundamental checar mais de uma referência.

Tem filhos? É casada? O que faz o seu marido?
Importante saber como ela cuida dos próprios filhos e, se forem menores, quem ficará com eles quando ela estiver no trabalho.

Sabe ler e escrever?
Caso não saiba, não é um fator impeditivo, mas atrapalha um pouco a comunicação.

Tem comprovantes de vacinação? Estaria de acordo em tomar algumas vacinas, como a de gripe e a de coqueluche?

O que você faria numa emergência?

Você se importaria de, eventualmente, ajudar no serviço da casa?
Dependendo de como for o seu esquema, pergunte se ela se importaria de lavar uma louça, arrumar a cama do casal, lavar uma roupa… O combinado não é caro. Em vários momentos, eu saía com o meu filho sozinha e a babá ficava em casa um tempão. Uma ajudinha no lar é sempre bem-vinda. Não tolero babá dondoca que coloca sistematicamente sua própria louça suja na pia para que outro empregado limpe.

Quanto ao uso de uniforme, uma questão tão polêmica, acho que, seja o estilo que for, não precisa ser uma farda, pois ele tem, basicamente, a função de higiene, de ser uma roupa que não veio da rua. A cor clara também pede um asseio maior e pressupõe igualmente higiene. Ah, quem exige o uso de uniforme deve comprá-lo para a funcionária. Não é justo que ela pague do próprio bolso.

Observe se ela tem unhas grandes e coloridas, se usa brincos grandes demais ou perfume forte e deixe claro se isso a incomoda. Aliás, deixe claro tudo o que incomoda a você e ao pai da criança. Acho que ser babá é uma vocação. A gente saca logo quem tem jeito pra coisa, quem sabe se portar adequadamente.

Algumas perguntas retóricas são importantes para testar se alguma resposta sai do lugar, por mais evidentes que possam parecer. Do tipo: você gosta de brincar? Você fuma?

Dei uma espiada no livro Marinheira de Primeira (Zahar), da Olivia Bernardes, e ela sugere mais alguns tópicos, conforme seguem abaixo:

Perguntar se a candidata tem alguma doença crônica e se faz uso regular de medicamento. Se quiser ser mesmo precavida e se estiverem de comum acordo, solicite um check-up básico de admissão, que inclui exame de fezes, urina e raios X dos pulmões, lembrando, é claro, que você deverá assumir todos os custos.

É importante fazer perguntas como: o que você faria se meu filho não parasse de chorar depois que eu saísse para trabalhar? Ou não quisesse dormir? Ou caísse e se machucasse? Ou se ficasse pálido e febril de repente? Aqui, não espere uma resposta técnica. Ponto para a candidata que responder que telefonaria imediatamente para você, ou para o pai, no caso de não te achar.

Conte também para a candidata um pouco da rotina da família e um pouco sobre como gostaria que fosse o dia a dia de vocês, desde a hora do bebê acordar até o momento de ele ir dormir.

E você? Tem algum outro insight para acrescentar a essa lista?