Mudança de rumo

Recebi hoje os resultados dos exames feitos no laboratório Sérgio Franco, que tinha determinado segunda-feira como prazo limite, mas antecipou a entrega. Maldita eficiência que não me permitiu ter um último fim de semana de gula e ignorância.

Olhei por alto o laudo e duas coisas me pareceram um pouco alteradas: a glicose após 60 minutos (191 mg/dL) e após 120 minutos (163 mg/dL). A basal estava dentro da normalidade (70 mg/dL). O exame de urina acusou presença de cristais de oxalato de cálcio, o que me pareceu mais preocupante, pois nos últimos dias passei a sentir uma vontade constante de fazer pipi que não passa mesmo indo ao banheiro. Infecção urinária, felizmente, o exame descartou. Mandei os resultados para a minha obstetra, Juraci Ghiaroni, e fui tocando o dia sem me ligar no assunto nem tentar interpretar as marcações dos testes.

Pra vocês terem uma ideia da minha rotina nos últimos tempos, meu café da manhã tinha sido um bem-nascido (divino, da doceira Marta Proto), que ganhei na visita que fiz à amiga Maria Vargas na maternidade, quarta-feira, seguido de uma fatia de pão com queijo de minas e muita geleia. No meio da tarde tive desejo de comer bolo. Sem pensar duas vezes, liguei pra loja Bolo sem vergonha, que fica aqui perto de casa, e encomendei um bolo caseiro inteiro sabor mármore com calda de chocolate. Dois minutos após a entrega e instantes antes de me atracar com a primeira fatia, o telefone tocou. Era a minha médica com a dura sentença: “Antonia, você está com diabetes gestacional”.

Como assim? Os números, apesar de acima dos valores de referência, pareciam tão próximos… Meu mundo caiu. O que eu ando fazendo, comendo como se não houvesse amanhã? Que consequências isso pode ter para o bebê? Que irresponsável, que mãe egoísta e sem autocontrole. Fiquei bolada! Liguei pro meu marido pra contar e as lágrimas começaram a escorrer. Só pensava que eu fiz por merecer, pois desde que voltei da Califórnia perdi a linha. Ignorei solenemente que toda causa tem um efeito. Para aumentar minha angústia, caí na besteira de começar a consultar o dr. Google atrás de respostas…

Combinei de ir ao consultório da minha obstetra na segunda-feira e fui orientada a já restringir o consumo de doces e carboidratos. O lance da urina ela não deu importância. Me colocou em contato com uma endocrinologista chamada Mirella Hansen de Almeida, que foi muito atenciosa e me passou as primeiras coordenadas pelo telefone. Combinamos de nos encontrar somente na quarta-feira, pois até lá ela gostaria que eu fosse fazendo uma monitoração glicêmica através de um aparelho marcador de testes que terei de utilizar seis vezes por dia, a cada uma das três principais refeições, antes de comer e uma hora depois. Comprei pela internet e vou receber amanhã cedo. A Mirella também me recomendou procurar uma nutricionista. Expliquei que tenho uma maravilhosa, mas cujo programa alimentar eu vinha ignorando nos últimos tempos.

Liguei então pra Duda Guarana, morrendo de vergonha, mas ela foi um doce (não resisto a um trocadilho) e me acalmou bastante. Prometeu que até segunda-feira terei em mãos uma recomendação de dieta e que ela vai me explicar com calma uns princípios básicos, como associar o consumo de uma fruta a uma fibra e não passar muito tempo sem me alimentar. Em vez de me dar uma bronca, me fez olhar o lado positivo. Estar “desregrada” é um ponto a favor, disse ela. Tenho espaço para melhorar a minha alimentação e, com essa mudança de comportamento, a dieta deve surtir o efeito esperado. Seria muito mais preocupante se eu estivesse andando na linha.

Mobilizei a família, liguei pra sogra, que já começou a pensar em cardápios mais saudáveis, e pra minha mãe, que colocou a cozinheira de anos dela à disposição. A Mariana, que trabalha comigo, também passou o resto da tarde lendo pesquisas sobre o assunto na internet e me dando informações filtradas. Liguei pra Lulu, uma amiga que veio jantar na minha casa recentemente e relatou estar passando pela mesma coisa. Lembrei inclusive que ela perguntou se o cardápio daquela noite poderia ter uma opção sem carboidrato. Enfim, não saí do telefone até a hora de ir à hidroginástica (todas essas pessoas ressaltaram a importância do exercício para ajudar na queima do açúcar).

Quem passou por algo parecido na gravidez e pode me dar alguns conselhos? E dicas de produtos específicos que aliviam a vontade de comer doce?

Obrigada pelas mensagens de torcida que recebi no dia do exame e nem consegui agradecer. Continuo contando com o apoio moral de vocês!

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