Matemática muito particular

Passei o fim de semana no hotel Le Canton, em Teresópolis, e conheci uma mãe que estava hospedada sozinha com seus dois filhos, um com sete anos e outro com 10 meses. Não controlei a minha língua e perguntei logo se eram filhos do mesmo pai. Ela disse com naturalidade que sim, que o marido estava trabalhando no fim de semana e que ela tinha ido até lá passar uns dias com a irmã.

Fomos evoluindo na conversa e ela afirmou que jamais quis ter o segundo filho num intervalo menor do que aquele e que estava muito feliz e realizada com a maternidade.

Isso me fez pensar muito na constante cobrança da sociedade. Se você é solteira e tem um namorado, as pessoas perguntam quando vai ser o casamento. Assim que você se casa, a expectativa recai sobre ter um filho. E quando você já tem um, como não dar a ele um irmãozinho? Por que esperar tanto?

Existe um senso comum – e até mesmo quem não tem filho pondera com altivez – de que é melhor aproveitar a mesma fornada, ter crianças em idades próximas para poder viver a maternidade num único pacote. Eu me senti assim, cobrada por terceiros e por mim mesma, para fazer crescer a família. A turma de amigas mais próximas que havia engravidado junto comigo da primeira vez já tinha “performado” de novo e eu estava ficando pra trás. Senti pena de perder o bonde, mas me tranquilizou saber que faria novas amizades, pois tem barriga surgindo todos os dias, e de onde menos se imagina.

Mas, voltando ao encontro, lá estava eu tirando conclusões precipitadas, como se só um segundo casamento justificasse essa equação da razoável diferença de idade entre irmãos. E percebi que sou tolinha demais por achar que venci uma espécie de corrida contra o tempo. Cada um tem seu ritmo próprio para chegar aos mesmos resultados e ele tem que ser respeitado. Isso, sim, deveria ser consenso.

 

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