Apesar da minha empolgação com a Maternidade Santa Lúcia, que passou por uma grande reforma e que visitei no mês passado, Joaquim anda argumentando que essa deve ser uma decisão da obstetra. Para ele, ela é quem deve dizer onde se sente mais segura e no controle da situação. Ele gosta de usar a metáfora do chef, que pode ficar meio desorientado utilizando outra cozinha.
A nova obstetra, Dra. Isabella Proença Tartari, não se opôs realizar o parto lá, mas deixou claro que realiza a maioria na Perinatal de Laranjeiras. E adiantou que, se no dia de eu dar à luz ela estiver por lá, acompanhando outra gestante, eu precisarei ir ao seu encontro.
Sendo assim, achei por bem agendar uma visita à Perinatal para conhecer melhor as instalações e formar uma opinião sobre a maternidade. Já tinha feito um tour pela unidade da Barra da Tijuca no ano passado, ao participar de uma reunião de trabalho. Lá, por ser uma construção recente, os espaços são bem generosos e tudo parece um brinco. Confirmei minha impressão positiva, pois a obra de construção foi conduzida pela empresa de engenharia de um grande amigo meu, a Osborne Construtora, que só tem clientes e projetos de primeira linha.
Já a minha lembrança da unidade de Laranjeiras era vaga, ligada a alguns poucos bebês que visitei rapidamente, a maioria anos atrás, quando ainda não tinha despertado em mim nenhum interesse pela maternidade. Somando também uma boa impressão de um episódio ruim, quando fui atendida na Emergência, grávida de cinco meses do Felipe. Estava com uma crise de asma, fui testar o nebulizador que havia comprado para o bebê e confundi a prescrição do médico. Derramei quase meio vidro de Berotec em vez de poucos mililitros. Cheguei lá com o coração na boca, acelerado e com as mãos tremendo. Foi só um susto, mas fui muito bem atendida pela equipe médica de plantão.
A minha visita aconteceu na última sexta-feira. Fui acompanhada pela diretora da Unidade Laranjeiras, Regina Gonzales, e pela diretora de Marketing e Inovação, Theiza Conte Paiva, que, ao chegar lá, reconheci imediatamente porque ela atuou durante anos no segmento de Design (virei jornalista, mas minha formação foi em Desenho Industrial). Fiz questão de visitar todas as facilidades das quais posso vir a precisar e ambas foram muito pacientes e atenciosas. Das salas de cirurgia ao lactário, passando pelo berçário, pelas UTIs Materna e Neonatal e pela sala de parto humanizado. Quanto a essa última, confesso que não causou grandes impressões. Imaginava um espaço amplo, com jacuzzi moderna, mas é apenas um quarto convencional com um banheiro com banheira padrão. Mas parece que duas novas salas serão construídas até o fim do ano. E prometem introduzir mais mordomias, como essa sala da foto que eles já mantêm funcionando na Perinatal Barra.
Um opcional que as maternidades oferecem e que contratei para o parto do Felipe na Casa de Saúde São José foi o quarto com suíte, que costuma ser apenas um curralzinho com cadeiras extras. Nenhum plano paga e o valor da diária oscila entre mil e mil e quinhentos reais. Mas faz diferença pra mãe de primeira viagem no quesito privacidade, quando ela está recebendo visitas e precisa ser examinada, por exemplo para trocar curativo, ou simplesmente quando não quer amamentar na frente de um colega de trabalho do marido. Assim, as visitas aguardam num outro ambiente e não é preciso expulsar ninguém.
Mas uma grande amiga minha, rica o bastante para não ter que se preocupar com despesa, contratou a suíte no nascimento da primeira filha e dispensou na segunda gravidez. Argumentou que sem a antessala as visitas passam, dão um beijo e partem mais rápido, acrescentando que “se começar a criar muita atmosfera o povo não se manca e fica aboletado comendo três vezes mais docinhos do que você calculou por pessoa e achando que visitar bebê é programa de happy hour”.
Na Perinatal de Laranjeiras a ala que mais me encantou foi a recém-reformada do 1º andar, que um médico me contou ter ganhado o apelido de “ala Dubai”, de tão luxuosa e tinindo que está. Não são quartos com suíte, mas eles são bem amplos e têm um berçário exclusivo no mesmo andar. Na porta de cada quarto, um monitor traz a foto do bebê e informações digitais sobre data de nascimento, peso, tamanho etc. Outro diferencial tecnológico que me impressionou foi que, apesar de o alojamento conjunto ser incentivado, os bebês que dormem no berçário contam com câmeras individuais para que os pais possam monitorar pela TV do próprio quarto.
Outra facilidade que os pais adoram e as mães mais ainda é ter dentro da maternidade uma filial de um cartório que funciona em horário comercial e aos sábados pela manhã. O bebê já volta pra casa com certidão de nascimento. E somente lá eles imprimem uma versão pocket da certidão, muito prática para levar na bolsa ou em viagem. Sem falar que acaba ali o terrorismo de certos pais que brincam que vão trocar o nome do filho na hora do registro. Sendo lá mesmo, a mãe pode perfeitamente acompanhar o procedimento.
Um ponto negativo e ao mesmo tempo positivo foi a localização do berçário principal, para onde todos os bebês vão assim que saem do centro cirúrgico. Ele é envidraçado e fica em frente à cantina. Por um lado, é ótimo que os parentes tenham mesinhas e cadeiras à disposição e possam se distrair fazendo um lanche ou assistindo TV. Só quem já ficou na expectativa pela chegada de um membro da família sabe como essa espera pode ser longa e angustiante. Por outro lado, quebra um pouco “o clima” do momento da chegada do bebê ao berçário, que pode ficar com a lembrança de cheiro de queijo quente. Nesse momento mágico, a TV do salão interrompe a programação e exibe uma foto do recém-nascido com felicitações.
Já estou com cápsulas compradas e a minha máquina de Nespresso na mala, mas, recentemente, cada quarto passou a contar com uma máquina individual e as cápsulas (não adianta levar as que você tem em casa porque não são as comuns de uso doméstico, são do modelo sachê de restaurante) podem ser adquiridas na própria maternidade. Os quartos com suíte têm computadores disponíveis e wi-fi gratuito para até dois dispositivos. E pra mãe vaidosa, que foi pega de surpresa, sem poder colocar as unhas ou os cabelos em ordem e odiaria receber visitas em seu estado bruto, existem profissionais de beleza que também podem atender diretamente no quarto.
Como cheguei de madrugada na maternidade para ter o Felipe, com fortes contrações em intervalos curtos, nem sei dizer em que momento o Joaquim cuidou da papelada de internação, mas tenho a vaga lembrança de ele ter sumido por um tempo longo. Para abreviar esse processo, a maternidade recomenda que 15 dias antes da data prevista do parto toda gestante preencha o formulário on-line de pré-internação. Por garantia, preenchi o meu ontem à noite no site da Perinatal e da Santa Lúcia. Lá são inseridos os dados completos de identificação do paciente, assim como o tipo sanguíneo dos pais, dados do obstetra e do pediatra e dados do convênio de saúde. Um cadastro que não levaria menos do que 15 minutos na hora H, um tempo precioso que podemos economizar.
Bom, o saldo da minha visita foi superpositivo e estou tranquila de poder contar com mais essa opção.