Queria agradecer pelas mensagens torcendo pela recuperação do Felipe. Hoje ele teve picos de febre a intervalos regulares de seis horas, mas nenhum outro sintoma. Voltou a ter apetite na hora do jantar e dormiu feliz, abraçado comigo, lendo, juntos, a história do Grúfalo, seu livro favorito no momento.
Reparei esta semana que nas minhas turmas de hidroginástica e pilates na Bella Gestante todas as mulheres têm mais de 30 anos. Me lembrei de uma conversa que tive no início da gravidez com o dr. Sergio Simões, médico que tem feito as ultrassonografias, quando ele comentou que o atípico na clínica dele é ter uma paciente com menos de 30. Pensei nas vezes em que esperei com outras mães para ser atendida na dra. Juraci Ghironi, minha obstetra, e não consegui me lembrar de nenhuma mocinha grávida por lá.
Recordei também uma entrevista que minha sogra, a socióloga Ana Lucia Saboia, que trabalha no IBGE, deu há uns dois anos e meio para a Globonews. Ela falava sobre essa mudança de paradigma, que mereceu pesquisa do instituto e ganhou até um termo específico internacional para designar as famílias com duas rendas e sem crianças (DINK – double income, no kids). Estatísticas mostraram que o número de casais DINK no Brasil mais que dobrou de tamanho na última década.
Fato é que o crescimento populacional do nosso país nas classes mais favorecidas está nas mãos das balzacas. Eu mesma só fui mãe aos 33 anos, quase completando 34, assim como a minha cunhada e várias amigas. Conto apenas em uma mão as mulheres da turma que se casaram com menos de 30 anos e tiveram filhos logo.
Já minha mãe, Katia, aos 28 anos já tinha tido seus três rebentos. A vantagem pra ela, hoje, é que ninguém acredita que ela seja minha mãe, de tão jovem e tão bonita que continua sendo. E, pra minha sorte, ainda com tanta energia pra brincar com o neto. Por outro lado, como deve ter sido difícil nos criar, tão imatura, tão sozinha (minha avó morreu quando eu tinha apenas sete anos, e meu avô ela perdeu adolescente). Quanta responsabilidade! Ela só tinha a Babuska, uma avó que valia por mil, a agora, a nós e ao meu pai. Quem tem ou teve uma mãe presente no nascimento dos netos e no desenvolvimento dele sabe como esse apoio é importante. A viagem que acabamos de fazer, por exemplo, só foi possível porque contamos com a impecável retaguarda dela e dos meus sogros.
O que me aflige é pensar que, mesmo tendo uma década e pouco a mais que ela, em vários momentos não me sinto “pronta” para encarar o desafio. Reconheço que tenho idade suficiente, mas, às vezes, ainda me sinto muito mais filha que mãe… e com inseguranças que nunca imaginei que me perseguiriam no mundo adulto.
Minha mãe é uma profissional muito competente, presidente de uma empresa internacional do Brasil, para a qual trabalha há pelo menos 25 anos, mas só conseguiu focar na carreira quando nós, filhos, já estávamos um pouco mais crescidinhos. Hoje o caminho é inverso. A grande maioria das mulheres procura estabilidade profissional antes de gerar sua prole. E são muitas as que se contentam com um único filho, ou nenhum, a maioria com dois, e raríssimas são as que chegam a três ou passam desse número. Pelo avançar da idade ou pela falta de disponibilidade financeira. No meu caso, nem tanto ao mar nem tanto à terra. O que demorou mesmo pra acontecer foi o encontro perfeito de almas, conhecer o companheiro ideal, que seria o pai dos meus filhos, o Joaquim!
Concordam com essa minha análise? Quem aqui também foi mãe mais tarde do que suas respectivas progenitoras?