Telefone sem fio

Falar com o seu filho pequeno por telefone ou até mesmo pelo Skype é um exercício de criatividade. E conseguir prender a atenção dele por mais de três minutos é quase impossível.

No começo da nossa viagem, ele ficou muito magoado por ter sido deixado pra trás e chorava a cada telefonema. Nos últimos dias, mudou de estratégia e passou a nos dar um certo gelo. A ponto de escutá-lo dizendo, ontem, que não queria falar comigo. Odeio apelar para o consumo, mas sinalizar que tem um brinquedinho novo na mala sempre funciona. A tática, porém, que mais dá certo é partir para o humor e para as referências que ele possui.

Comprei um pequeno gambá, bicho de estimação do momento que rendeu até tema de festinha de três anos, e, inspirada pelo anão de jardim que roda o mundo mandando cartões-postais para o seu dono no filme O fabuloso destino de Amélie Poulain, tenho levado o gambá para passear comigo e tirado retratos ou filmado pequenos vídeos em diversas situações, como tomando café da manhã, dirigindo com o papai… Ontem, quando contei para o Felipe que o gambá era muito “barbeiro”, ele dava gargalhadas ao telefone e dizia que ia ensinar o bicho a dirigir.

Tenho tirado muitas fotos de coisas que ele poderia gostar de ver pessoalmente, enviado por WhatsApp e pedido à minha mãe que mostre a ele. Os vídeos fazem ainda mais sucesso. Ontem, na minha visita a um aquário, vi misturada aos peixinhos Nemo uma versão preto e branca. Filmei e mandei com a narrativa de que se tratava de um gambá Nemo. Me disseram que ele pediu pra assistir diversas vezes.

Outra brincadeira que funciona bem é o arremesso de beijo. Ele manda de lá e eu seguro com a mão, às vezes tenho que pegar bem alto e levo direto ao coração. Faço o mesmo envio, e ele imita o gesto dizendo “peguei!”. Também finjo que estou provando partes do rosto dele. Puxo virtualmente a orelha e digo que tem gosto de pão de queijo, que as bochechas são maçãs, a boca é picolé, e ele vai ao delírio com o nariz, que tem gosto de meleca! Infelizmente, está numa fase que acha a maior graça falar de pum, meleca e cocô…

Não consigo saber quase nada sobre como foi o dia na escola, mas insisto na pergunta com variações, sondando sobre o lanche ou sobre quais as brincadeiras e ainda sobre as histórias que ele escutou em sala. Só que já aceitei que ele fala o que quer e quando quer, o que acaba sendo surpreendente, pois traz informações interessantes quando menos espero.

E vocês? Recomendam alguma estratégia para melhorar a comunicação com os pequenos a distância?