Dei sorte de ter uma babá com muito bom gosto. As combinações que a Ana Cristina veste no Felipe são quase sempre impecáveis e, desde cedo, fui terceirizando a organização da mala de viagem.
Mas, nesse último fim de semana, me irritei porque,quando cheguei no hotel Portobello, constatei que ela tinha se esquecido de incluir xampu, repelente e a pomada que ele estava usando pra uma alergia de pele. Também não tinha separado nenhum brinquedo. Ela saiu daqui às pressas na sexta para resolver um problema de saúde e comeu mosca. Eu também, por não ter dado aquela conferida final.
Já vinha me planejando há certo tempo para montar umalista atualizada de itens para viagem e hoje decidi botar a ideia em prática. Criei uma com quatro colunas: acessórios e mantimentos; roupas; brinquedos; higiene e medicamentos. Vou plastificar e guardar na gaveta do banheiro. É difícil lembrar tudo de cabeça. Sempre escapa alguma coisa, por isso não custa nada ticar tudo antes de fechar a mala. A vantagem da lista é que a gente não esquece nada e ainda ganha tempo. É claro que,dependendo do destino e do tempo da viagem, muitascoisas são dispensáveis. E com o avançar da idade alguns artigos são eliminados ou substituídos.
Se montar a mala do Felipe já é uma função, multiplique o trabalho e o volume por dois, no caso de um bebê, que suja mais roupa, gasta mais fralda e tem uma quantidade infinita de acessórios. A viagem tem que valer muito a pena pra compensar o transtorno…
Conversando recentemente sobre esse assunto com o Joaquim, ele me contou que desenvolveu um método próprio. Quando termina de separar as roupas, para ter certeza de que não esqueceu algo olha para o próprio pé e faz o link com sapatos, meias… e vai subindo até a cabeça para lembrar de boné e óculos escuros. Já eu, saio abrindo os armários e todas as gavetas do banheiro e do escritório sem nenhum critério, recolhendo o que parece indispensável e amontoando tudo em cima da cama para só depois fazer uma triagem final.
Já que estamos falando de mala em geral, queria aproveitar para falar da mala da maternidade, que, no meu caso, foi quase uma mudança. Minha cunhada teve filho duas semanas antes de mim e eu pude reparar em tudo que sentia falta no quarto da Casa de Saúde São José, onde eu também daria à luz. Tenho até vergonha de compartilhar essa exagerada lista, mas que sirva ao menos para vocês darem umas boas risadas.
Quem não achou nada engraçado na época foi minha mãe, que ficou com a incumbência de recolher os seis ou sete volumes na minha casa, já que quando entrei em trabalho de parto fui correndo para a maternidade e larguei tudo pra trás. Carregamos apenas a mala do bebê e o essencial. Ela disse que foi um dos momentos mais constrangedores da vida dela chegar ao hospital com aquela tralha e ter de pedir um carrinho e ajuda para conseguir transportar tudo para o quarto…
Organizei a mala do Felipe com cada muda de roupa dentro de um saquinho de pano. Coloquei também tesoura de unha, fralda de boa qualidade (não sabia o que o hospital iria oferecer), um pote de algodão cortado em quadradinhos para limpar o bumbum dele, luvas para protegê-lo de arranhar a si próprio antes do momento certo de cortar as unhas, e o resto confesso que não me lembro.
Na minha valise, além das mudas de roupa e de itens básicos de toalete, tinha: lençol e cobertor branco, pois não queria usar aquela manta marrom feia de hospital; lixeira, já que ia encomendar bem-nascidos e outros docinhos de comer na hora; bandeja de prata para apoiar os docinhos; cafeteira Nespresso, cápsulas e copos descartáveis (não bebo café, mas afirmo que faz o maior sucesso); álcool gel em pote grande para as visitas; absorvente noturno (o do hospital é volumoso e muito grande para ser usado a partir do segundo dia); porta-xampu de ventosa (o box do banheiro não tinha onde apoiar os produtos, então pensei nessa solução para não ter que me abaixar durante o banho); sanduicheira e guardanapo (encomendei sanduichinhos de pão de miga da La Fabrica e quentinhos ficam uma delícia; o problema é o cheiro de cantina que fica no quarto).
Só não foi o cooler com gelo e champanhe porque me convenceram de que eu não estava dando uma festa. Até baralho eu enfiei na mala! E, acreditem, foi muito útil.Passei o primeiro dia do Felipe na UTI e, enquanto esperava os resultados dos exames dele ficarem prontos, jogava cartas para não pirar. Com a internação, suspendi o comunicado do nascimento aos amigos e conhecidos e avisei apenas aos mais íntimos. Uma plateia bem reduzida para o tamanho da produção…