Hoje fui tomar banho com o Felipe e me ajoelhei para ensaboá-lo. Numa fração de segundos ele disse: mamadeira do neném! E tascou a boca no meu peito direito. Depois fez o mesmo no esquerdo dando uma risadinha. Fiquei paralisada sem querer assustá-lo nem reprimi-lo e buscando processar no meu HD a melhor reação. Com um certo delay achei que não dar importância, não valorizar o gesto, seria melhor do que recuar e proibir. Mas passei o dia pensando no assunto. Tenho pânico da ideia de ter meu filho de três anos e meio achando graça em voltar a mamar no seio. Existe um tempo pra cada coisa e esse tempo já passou pro Felipe.
Sei que a Organização Mundial da Saúde incentiva a amamentação até os dois anos de idade, mas não consigo deixar de achar estranho uma criança com a boca cheia de dente, que anda e corre, fala perfeitamente, com livre acesso ao seio da mãe. Me lembro sempre de um episódio de Desperate Housewives em que a Lynette Scavo, inconformada com uma colega de trabalho que ainda amamentava o filho de cinco anos, oferece, na surdina, um achocolatado para a criança. No dia seguinte, a mãe chega no escritório aos prantos contando a ela que o filho perdeu o interesse no leite materno da noite pro dia…
Fiquei pensando em duas estratégias para quando rolar uma próxima investida do Felipe. A primeira, que me parece a mais lógica, tentar explicar que ele não é mais bebê, que mamou muito no peito da mamãe, mostrar fotos e dizer que agora o restaurante é do irmão, que só tem esse cardápio único, enquanto ele, Felipe, tem à disposição comidas muito mais saborosas. Direi também que isso é coisa de bebê, que ainda faz cocô na fralda. Um rapazinho já come igual aos adultos, no prato, na xícara e no copo. Se não funcionar, parto pra pingar adoçante na aréola ou algo a que ele imediatamente possa ter repulsa. Só não vou de pimenta, porque isso é crueldade e porque tenho trauma de uma babá que fez isso comigo diante de alguma malcriação. Tudo tem seu tempo e o dele já foi. Acredito que isso é ajudar a crescer. Ele precisa entender que é legal crescer. É uma subida no pódium.
Além desse episódio, outra coisa íntima que vem acontecendo no último mês e que me incomoda um pouco é ele querer me beijar na boca. Evito ao máximo, mas ele volta e me sapeca um selinho. É claro que eu adoro o gesto de carinho, a troca de afeto, acho uma delícia…
Mas, de modo geral, só enxergo fofura enquanto as crianças são pequenas. Não gostaria que meus filhos crescessem cultivando esse hábito. Beijo na boca espero receber apenas do Joaquim e fim de papo. Meus pais não tinham tabu quanto à nudez, tomei muito banho de banheira com o meu pai, mas eles nunca beijaram os filhos na boca. Acho que a minha criação, certamente, influencia a minha percepção.
Namorei um marmanjo que dava selinho na mãe e na tia e depois vinha me beijar como se fosse a coisa mais natural do mundo. Aquilo me enlouquecia. Pedia que ele ao menos parasse de fazer isso na minha frente, mas era mais forte que ele e do que elas. A mãe ainda dizia, com orgulho, que fazia isso desde que ele era bebê para que o filho fosse criando anticorpos.
Vai conversar com qualquer dentista… Duvido que eles recomendem essa prática. Ter contato com as bactérias da boca de um adulto não é apropriado.
Aliás, por falar nisso, vou aproveitar e recomendar um produto. Recebi da minha amiga Carla Daudt umas amostras de um lançamento do laboratório Daudt, que pertence à família, e que produz a Malvatrikids, que, por coincidência, é a pasta que o Felipe usa. Trata-se da Malvatrikids Mommy, uma pasta de dente especificamente desenvolvida para a mãe de crianças até quatro anos.
Peguei agora no site a seguinte informação: “Sua fórmula inovadora, que combina Xilitol em concentração adequada e 1450ppm de Flúor, possui dupla ação: ajuda a prevenir a transmissão precoce de bactérias de cárie da mãe para os filhos e, ao mesmo tempo, auxilia na proteção dos dentes maternos contra as cáries”. Apesar de não ser mentolada, como a marca a que estou acostumada, achei bem gostosa.
Se tiver alguma mãe beijoqueira com disposição para argumentar em defesa do beijo na boca dos filhos vou adorar ler sobre outros pontos de vista.