Reverso de expectativa

Hoje fui conhecer uma roda de Terapia Comunitária Integrativa no Espaço Cuidado, no Jardim Botânico, um convite da minha querida amiga Juliana Caetano. Sentada no sofá esperando todos chegarem, recebo um e-mail do laboratório Gene com o resultado do exame Nipt Panorama, realizado no dia 2 de dezembro.

Como o prazo era de 15 dias úteis, não estava esperando receber nada no início desta semana. Fui pega totalmente de surpresa. A análise da amostra biológica é resultado de um grande avanço na medicina, pois permite analisar o risco de possíveis alterações fetais pelo sangue materno e sem risco para o bebê dos cromossomos 21, 18, 13, X e Y e para cinco síndromes de microdeleção. E ainda revela o sexo.

Fiquei sem saber se matava logo a minha curiosidade ou se pegava minha bolsa e saía correndo para abrir o e-mail em casa. Me confortou pensar que um resultado ruim eles provavelmente não enviariam por e-mail. Devem ter o cuidado de entrar em contato com o médico primeiramente. Portanto, ter recebido as informações assim era um ótimo sinal. Minha cabeça rodopiava. Não resisti e li o laudo de forma dinâmica, buscando pelos resultados. Senti um alívio enorme quando passei os olhos na coluna que aponta o baixo risco pra tudo. Mas demorei pra encontrar a informação que apontava o sexo masculino.

Já tinha revelado aqui o meu desejo de ter um casal e de que essa gravidez fosse de uma filha. Senti uma decepção muito grande diante do resultado. Tentei racionalizar de que a coisa mais importante era saber que o bebê estava evoluindo com saúde. Então comecei a fazer uma lista mental das vantagens de ter dois filhos do mesmo sexo. E de repente me dei conta de que estava diante de 21 estranhos numa dinâmica de partilha das experiências de vida. Não fui parar ali à toa. Fiquei ouvindo algumas pessoas e quando rolou um silêncio aproveitei a deixa para contar o que tinha acabado de acontecer comigo e como eu estava me sentindo.

Enquanto falava, as lágrimas escorriam involuntariamente pelo meu rosto. Um senhor até me entregou uma caixa de Kleenex. Mas depois que botei pra fora o sentimento daquele momento da descoberta do sexo do bebê versus a expectativa pelo resultado, me senti bem melhor. Os mediadores citaram uma frase que é pura verdade: “Quando a boca cala, o corpo fala; quando a boca fala, o corpo sara”.

Voltei pra casa muito mais calma e de bem com a descoberta. Encontrei os meus dois homens deitados na cama vendo televisão. Olhei pro Felipe e disse que eu tinha uma surpresa, que dentro da minha barriga estava um irmãozinho. Que ele ia ter que escolher um nome de menino e esquecer essa história de dar o nome para a irmã de “Dora, a Aventureira”. Ele não deu muita bola e pediu pra continuar vendo seu desenho…

 

nipt