Ontem escalei minha mãe para fazer baby sitting do Felipe para que eu pudesse ir a um jantar. Meu pimpolho pôde curtir uns bons momentos com a avó antes de dormir e em três horas eu estava de volta.
Nos países mais desenvolvidos, apenas famílias abastadas contam com a ajuda de babá ou empregada doméstica que durma em casa. É mais raro ainda ter alguém que trabalhe nos finais de semana. Mesmo quem pode pagar, na maior parte das vezes prefere não manter esse tipo de esquema. Trata-se de uma questão cultural em países com menos diferenças de classes, cenário que um dia espero ver por aqui.
O conceito de baby sitter é amplamente difundido: uma pessoa de confiança contratada pela família para cuidar da(s) criança(as) por um curto período, normalmente remunerada em função do número de horas dedicadas. O tempo necessário para que os pais possam chegar mais tarde do trabalho, jantar fora ou ir a um evento exclusivamente de adultos. O mais comum é que essa ajuda venha de adolescentes responsáveis e ansiosos por ganhar uma graninha extra.
Tem pais que já deixam os filhos dormindo na cama antes de sair, outros que pedem para a baby sitter dar o jantar, brincar um pouquinho, mas nada muito além disso. A baby sitter tem bom nível social e não fica segregada à área de serviço, até porque a maioria das casas nesses países não conta com uma. Sua função não é fazer comida nem faxina. Ela é convocada para garantir a presença de um adulto capaz de tomar as rédeas em uma situação de conflito, de segurança ou de saúde.
Infelizmente, no Brasil, as funções domésticas, como cuidar da casa ou de crianças, ainda são bastante desvalorizadas. Esse tipo de emprego está situado nos mais baixos estratos da escala social, independentemente da remuneração.
Outro conceito de cuidadoras que funciona muito bem é o da Fille Au Pair, que conta com organizações dedicadas a intermediar esse tipo de programa por meio de intercâmbio no mundo inteiro. Um projeto muito eficiente e difundido, ideal para quem tem entre 18 e 26 anos, já que oferece uma chance especial de trabalhar, estudar e viajar para outro país. A candidata selecionada mora com uma família, não tem despesas com teto e alimentação e recebe uma ajuda de custo ou até bolsa de estudos. Em contrapartida, ajuda a cuidar dos filhos ou da casa por algumas horas, tendo liberdade para, nos momentos livres, realizar atividades externas.
Não tenho folguista nos finais de semana já faz um tempo, pois percebi que estávamos terceirizando muitas funções importantes da vida do Felipe por puro comodismo. Com preguiça de dar banho, comida, de acordar cedo, ele foi ficando cada vez mais grudado na babá e distante de nós. À medida que foi crescendo, foi dando menos trabalho. Mas levou um tempo até descobrirmos as vantagens e os prazeres de ficarmos sozinhos em casa, apenas os três, com toda a nossa intimidade.
Há algumas semanas fomos jantar na casa da Simone Klabin, uma amiga muito querida e íntima e perguntei se poderia levá-lo conosco. Preparei um kit de brinquedos para entretê-lo, porém nem foi necessário. Meu pequeno dormiu no carro no trajeto de ida e só despertou por alguns minutos no caminho de volta. A maioria das pessoas com quem convivo não faz isso com os filhos por excesso de zelo, achando que vão atrapalhar o sono da criança (mesmo sendo uma noite eventual) ou por constrangimento em pedir licença ao anfitrião. Assim, muitos convites são recusados e a vida social do casal passa a ser bem restrita.
Ajuda é bom e todo mundo gosta, mas senti na pele quando o Felipe tinha 15 dias de vida que até o melhor dos esquemas pode furar. A folguista contratada ligou dizendo que não viria, pois estava com conjuntivite. Paniquei, entretanto aprendi a me virar sozinha por alguns finais de semana, o que foi ótimo para perder certas inseguranças. Depois me rendi ao comodismo e contratei outra pessoa. Evitar ao máximo criar uma relação de dependência com qualquer funcionário é um conselho que sempre dou para as mães de primeira viagem.
Preciso de um planejamento mínimo para chamar alguém para ficar na minha casa cuidando do Felipe. O preço de toda essa privacidade de ter apenas a minha família debaixo do mesmo teto é não ter mais a mesma liberdade para aceitar qualquer programa nem poder sair de última hora sem o meu filho. Tenho algumas pessoas às quais recorro, que são queridas e que ele adora, como a minha massagista Maria do Carmo e uma ex-diarista que mora perto da gente. Meus sogros e minha mãe também já ajudaram bastante, ficando aqui ou recebendo o neto em casa pra dormir, mas gostaria de poder contar com muito mais opções.
O que vocês acham de incentivarmos a criação de uma lista de jovens dispostas a fazer um bico de baby sitter?