Duas semanas antes do Felipe nascer acompanhei de perto e com muita emoção a chegada do filho da minha cunhada Luisa. O bebê estava sentado e ela precisou fazer uma cesariana. Chegando no quarto onde a família aguardava, as lágrimas de felicidade que escorriam do rosto dela e a paixão pelo filho recém-nascido eram comoventes. “Ele é muito lindo”, todos afirmavam. O Francisco era de fato um dos bebês mais perfeitos que eu já vi, tipo modelo de comercial fralda, e aquela cena me fez acreditar que toda mãe é cegamente apaixonada pelo filho e que eu viveria as mesmas sensações em poucos dias.
Ledo engano. Quando me entregaram o Felipe preciso confessar que não atingi o mesmo estado de graça. Não achei meu filho lindo. Pelo contrário. Fiquei preocupada com a cara de invocado que ele tinha. Mostrei recentemente a foto ao próprio e ele mandou o seguinte comentário: “neném tá zangado”. Os olhos inchados, muito peludo, sangue ainda espalhado pelo rosto. Eu também não estava no meu melhor humor, esgotada do esforço que tinha feito durante o parto normal. A nossa sorte é que amor de mãe é incondicional e supera qualquer preconceito.
Algumas horas depois, mesmo na UTI, ele já tinha outra aparência e foi ficando mais “bonito” a cada dia. Os pelos do braço e das costas caíram em poucos dias. A ponto de ser hoje um lindão pelo qual eu entraria na fila três vezes. Estou contando isso para ajudar as mães que possam sentir algo parecido a não se sintirem tão culpadas. E alertar as mulheres que optaram pelo parto normal, pois o esforço que o bebê faz para passar pelo canal vaginal naturalmente deixa o rosto mais inchado e a cabeça em formato de cone. Mas, juro de pé junto: tudo passa.
Espero que esse depoimento sincero e politicamente incorreto deixe algumas mães à vontade para compartilhar qualquer sentimento estranho que possam ter tido nesse primeiro contato.