Neste sábado o Lucas foi circuncidado. Por coincidência, no oitavo dia após o nascimento, como na tradição judaica, apesar de não sermos judeus. O urologista, dr. Marcio Sister, que também havia feito a circuncisão do Felipe, realizou o procedimento em nossa casa, como da outra vez. Como eu conhecia o passo o passo, fiquei calma e colaborei com menos perguntas e mais firmeza para segurar meu bebê.
Inicialmente, estávamos um pouco receosos, eu e meu marido, de fazer a cirurgia tão cedo, com ele tão novinho. Mas tanto o pediatra, dr. Fernando Majzels, que examinou o Lucas na sexta, quanto o dr. Marcio nos garantiram que quanto menor o bebê, melhor para ele. No fundo, o problema são os pais mesmo, que ficam inseguros em submeter um ser tão pequeno a um procedimento cirúrgico.
Na religião judaica, esperam-se oito dias simplesmente para garantir que o bebê terá passado por um shabat (sábado). Ou seja, trata-se de uma tradição. Confesso que, por mim, eu até esperaria uma semana a mais, mas a razão prevaleceu à emoção e realmente não tivemos, nem nós nem o Lucas, qualquer problema.
O dr. Marcio chegou por volta das 8h30 em nossa casa, organizou o material que seria utilizado e pediu que os pais e a babá, Cris, ouvíssemos atentamente a explicação sobre o procedimento, assim como as instruções sobre os cuidados posteriores. Depois, para garantir, nos entregou uma folha com tudo o que explicou, caso precisássemos recapitular algum passo, como a troca do curativo, o banho do bebê e outros detalhes.
Existem formas diferentes de alcançar o mesmo resultado em uma circuncisão. Os judeus ortodoxos não utilizam anestesia e quem executa o procedimento, chamado “mohel”, normalmente não é médico (principal motivo para não usarem anestesia, já que esta é usada por médicos).
Outros cirurgiões trabalham com a colocação de um anel, onde a pele cortada fica presa. Depois esperam alguns dias para que o anel, junto com a pele cortada necrosada, caia por si só. Além de esse procedimento ser realizado sempre em centro cirúrgico, outra desvantagem dessa conduta é que só se pode ver o resultado depois que o tal anel cai, entre uma semana e 10 dias.
Já a técnica utilizada pelo dr. Marcio consiste em aplicar uma pequena dose de anestesia local na base do pênis do bebê (relaxem, ele praticamente não sentiu nada) e cortar o excesso de pele (prepúcio) que cobre a glande. Não há sangramento significativo, pois ele usa um tipo de pinça que comprime com força a região cortada.
Durante as explicações, antes da cirurgia, o dr. Marcio nos alertou para o fato de que a glande do bebê é bem vermelhinha… “Atenção”, ele repetiu, “ela é vermelhinha, ela não fica vermelha por causa da cirurgia”, para que a gente não se assustasse. Com o tempo e a exposição ao “ar livre”, ela vai clareando, ficando mais homogênea em relação ao resto do pinto.
Sendo considerada uma pequena cirurgia, muita gente tem medo de realizá-la em casa. Mãe de dois filhos que passaram por circuncisão, minha opinião é de que não há necessidade de expor um bebê tão pequeno ao ambiente hospitalar novamente, com todos os riscos de contaminação, como sabemos.
Quanto à confiança no médico, os números falam por si. Lucas foi o paciente número 5.100 (é isso mesmo, 5.100 circuncisões!) do dr. Marcio, em atividade há 34 anos. Fazendo as contas rapidamente, é como se toda semana ele circuncidasse 12,5 meninos. Quem não concorda que a prática leva à perfeição?
Engraçado é que quando tudo terminou demos parabéns ao Lucas por ter se comportado tão bem. Ele foi corajoso e só reclamou um pouquinho durante a picada da anestesia, permanecendo calmo o resto do tempo. Nem me ocorreu parabenizar o médico (com sua especialização em urologia, muitos cursos e tantas circuncisões realizadas) pelo mérito e sucesso da cirurgia.
Quem quiser saber mais sobre os motivos que me fizeram optar pela circuncisão, segue o link para um post que escrevi sobre o assunto durante a gestação:
https://www.facebook.com/projetocegonhacarioca/posts/1575312892731313:0