O quarto dos meninos

Ontem começou a pequena obra no quarto do Felipe, que vai acomodar também o irmão Lucas. Ao remover o armário descobrimos uma parede rosa, que meu pimpolho disse logo ser “coisa de menina”. Ele passou o dia infernizando a turma da marcenaria, querendo que eles utilizassem suas ferramentas de plástico, tentando medir coisas com a trena e rodopiando de carrinho Plasmacar – o melhor e o pior presente de todos os tempos… Ele agora não se locomove de outra forma e já riscou o piso da sala em diversos pontos. Por outro lado, fica tão feliz e excitado que mais vale um chão imperfeito que a castração desse grande prazer infantil.

Estou convencida de que os irmãos devem dormir juntos desde cedo. Pretendo apenas que nos primeiros meses o bebê durma ao lado da minha cama num berço miniatura fofo de madeira que está na família há anos e que venho emprestando para as amigas desde que o Felipe não coube mais nele, por volta dos quatro meses. Improvisei um pé mais alto para que o estrado desse berço ficasse na altura do meu colchão. Não é bem o conceito de cama compartilhada, prática que muitas mães defendem (e à qual eu faço ressalvas), porém é próximo desse modelo. Se vai funcionar ou não depende principalmente do marido, que pode ficar exausto com o ritmo das mamadas noturnas. Como ele acorda e sai muito cedo para trabalhar, prefiro poupá-lo, deixar que durma profundamente, que descanse, e me ajude em outros momentos do dia e nos finais de semana.

Ainda temos a sorte de contar com um plano B, o quarto do meu enteado, que mora em Petrópolis e não se incomodaria de emprestá-lo quando não estivesse aqui. Algumas amigas e alguns parentes acham insano eu colocar irmãos tão pequenos para dormir no mesmo quarto, garantindo que o bebê certamente vai atrapalhar o sono do Felipe. Nessas horas eu penso nas famílias de muitos filhos que mal têm um teto pra viver e se apertam numa casa que tem, na totalidade, o tamanho de um dos meus quartos. Não tenho do que reclamar.

Quero tentar ser uma mãe bem menos fresca do que fui com o primeiro filho e mais independente. Ajuda é bom e todo mundo gosta, só não quero ter que dar um rim por uma folguista e ser levada a acreditar que não vivo sem babá (apesar de ter como fiel escudeira a Cris, que durante a semana cuida bastante bem do Felipe desde que ele nasceu). Quando o Felipe era pequeno eu não conceberia viver sem uma pessoa me ajudando no fim de semana, mas agora ainda não decidi se teremos ou não essa ajuda.

Falando do quarto em si, estou muito menos ansiosa, achando que se não der tempo de ficar tudo pronto se dará um jeito. Minha arquiteta, Alessandra, do Ateliê Alessandra Amaral​ (www.ateliealessandraamaral.com.br), que é expert em quartos infantis e está me ajudando a bolar a integração dos meninos, deve estar arrependida de ter me aceitado (novamente) como cliente. Já pedi cinco estudos de plantas diferentes, sendo que o briefing inicial era apenas para uma pequena adaptação. Com o tempo, resolvi trocar o armário de lugar, mexer em toda a parte elétrica e refazer o sinteco. O famoso “já que…”, saca, pessoal? Mas juro que não estou sofrendo por isso. Se não der tempo, a gente termina depois. O importante é encontrar uma solução da qual eu esteja segura e que vai funcionar a longo prazo.

Cismei, por exemplo, que queria um beliche no quarto, um sonho frustrado da minha própria infância. O Felipe vai dormir na cama de cima e brincar na de baixo, convidar o primo pra passar a noite ou até deixá-la ser ocupada por mim mesma em numa noite difícil em que ele tenha pesadelo ou resfriado.

Escolhemos os tecidos para colcha, poltrona etc. na loja Covering​, da querida família Tostes, que tem um showroom lindo no Gávea Trade Center, reunindo amostras de fabricantes do mundo inteiro para todos os gostos e bolsos. Mandamos reformar o berço e o trocador que foram do Felipe, mudando apenas as cores. A Alessandra é criativa e paciente, pois consegue me dissuadir de ideias esdrúxulas apresentando soluções muito melhores. Confiram os estudos (quase) finais.

Minha mãe está chegando aqui em casa para fazer babysitting para que eu possa ir a um jantar. Tenho que ir. Fui.

 

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