Mariana Salim é uma amiga do cão. Literalmente. É das pessoas mais afetuosas com cachorro que conheço e já teve vários bichos de estimação ao longo da vida. Recentemente, viveu a experiência de conciliar o amor, a dedicação e a rotina do filho de quatro patas com o filho recém-nascido. Confiram o relato de como tem sido essa convivência e também algumas dicas preciosas para quem não abre mão de ter a família inteira sob o mesmo teto.
Minha paixão por cachorro vem de berço. Sou daquelas que sempre param na rua para fazer um carinho em qualquer cão desconhecido. Sempre tive cachorro. E a vida toda falava que, quando tivesse um filho, queria que ele crescesse ao lado de um melhor amigo peludo.
Há uns três anos, já estava casada, acabei resgatando um vira-lata pretinho. Ele era micro, feinho, parecia um ratinho. A tarefa mais difícil na época foi convencer o maridão, que não fazia o mesmo tipo “cachorreiro” que eu. Mas quem resiste ao olhar de um filhote? Pronto. Assunto resolvido e o Embaixador entrou em nossa vida. Cresceu e hoje seu tamanho é maior que o de um labrador. Ocupa grande parte do sofá e até faz bico de modelo de vez em quando para campanhas publicitárias que coordeno para a Leader Magazine.
Deixei que o nome fosse escolha do Rafa, meu marido, assim ele se sentiria mais participativo. Era o começo da formação da nossa família. E lá no fundo já pensava: “Imagine quando eu tiver um filho e ele chegar na escola todo prosa contando aos amigos que o Embaixador foi adotado”.
Trabalho pertinho de casa e meu cão vai todos os dias trabalhar comigo. Um superparceiro. Há exatos um ano e nove meses descobri que estava grávida do Francisco. Era impressionante como o Embaixador ficava deitado em cima da minha barriga desde muito cedo. Parecia que ele já sabia. Tenho certeza que sim.
Quando os arranjos para receber o novo membro da família começaram, uma das questões mais importantes foi sobre a adaptação dos dois. E nossa, é claro. Tanta coisa nova estava por vir…
O temperamento do Embaixador sempre foi tranquilo e, por mérito do meu Rafa, mais que meu, hoje ele é um cão supereducado. Durante os preparativos sempre deixei o Embaixador cheirar tudo e participar. Ele nunca foi proibido de entrar no quarto do Francisco.
O ambiente hoje é muito higienizado, passo pano duas vezes por dia com álcool a 70% na cerâmica do piso e não tenho tapete. Nunca me preocupei com baba, também porque o Embaixador não é um grande babão. Lambidas eu sempre permiti. Tem quem aconselhe passar álcool gel na mão do bebê após o contato, porém não tenho essa preocupação. Acredito que nosso filho precisa desenvolver anticorpos. Li muito sobre isso, inclusive que as grávidas que têm cachorro a seu lado de certa forma estão preparando seus bebês, que nascem mais adaptados.
Francisco nasceu no dia 4 de abril de 2014. Antes de chegarmos com ele em casa, o Rafa levou para o Embaixador um paninho usado no bebê na maternidade para que ele já fosse se familiarizando com o cheiro. Chegou o grande dia de apresentar o bebê a seu irmão mais velho e peludo. Permitimos que o cachorro desse uma cheiradinha nos pés do bebê para já ir se acostumando com o novo serzinho e matar a curiosidade. Os dias foram passando. Madrugadas adentro, e o Embaixador sempre parceiro. Babá eletrônica pra quê?
Qualquer suspirada diferente do Francisco lá vinha ele em minha direção ou da babá dar o alerta. Apesar do cansaço e das novas responsabilidades, nunca deixei de passear com o cão, nem de dar a comida no horário em que ele estava acostumado, já que essa sempre foi a nossa rotina, muito antes mesmo da chegada do minichefe da casa. Todas as manhãs vamos juntos para a praça. Às vezes é difícil coordenar a coleira e empurrar o carrinho, mas consigo me virar.
Recentemente, desde que o Francisco começou a engatinhar, os desafios são outros. O Embaixador é respeitoso e não pega nenhum brinquedo dele, só que não posso dizer o mesmo do Francisco… rsrs. Qualquer movimento ou brincadeira do Embaixador é motivo de sorriso solto.
Outro dia, Francisco comia biscoito de polvilho e dávamos alguns para o Embaixador. O barulho do crac crac das mordidas nada sutis do cão causava risadas profundas no meu filho. E o Embaixador, envaidecido, se posicionou bem na frente dele, de propósito. Sabia que estava fazendo merecido sucesso. Afinal, ele agora percebe que não é mais o centro das atenções das visitas e dos familiares, voltados para o bebê.
Como o cão chegou primeiro, pode haver um pouco de ciúme. No nosso caso, muitas vezes o Embaixador manifesta o dele, indo para debaixo da mesa ou dando umas latidas. A dica é ignorar. Aos poucos ele vai ficando cada vez melhor e mais animado, pode acreditar.
Tem um problema que eu ainda não consegui resolver totalmente: a brincadeira de bola. Na hora da diversão, o Embaixador quer participar ativamente, o tempo todo. E, claro, o Francisco entra na disputa e faz questão de tentar pegar o brinquedo da boca dele. Por mais que eu tenha confiança no meu cão, fico preocupada e nunca os deixo sozinhos no mesmo ambiente.
O Francisco não tem nenhum medo e nenhuma noção de perigo. Não podemos esquecer que o Embaixador é um cachorro. Qualquer patada mais forte, mesmo sem intenção de machucar, pode causar um arranhão ou trauma no bebê. Uma coisa eu garanto: está sendo muito mais fácil ensinar e dar limites para o cachorro do que para o Francisco.
Dicas:
– Levar da maternidade para casa, antes da chegada do bebê, alguma coisa com o cheiro do recém-nascido.
– Pesquisar sobre os florais para pets. Existe um específico que se chama O Bebê. Chegou à venda on-line no site Bitcão.
– Deixar o cachorro cheirar o bebê sob sua supervisão. Ajuda a matar a curiosidade.
– Não mudar os hábitos de passeios e de alimentação do cão.
– Ah! Eu superacredito que a proximidade dos dois ajuda na produção de anticorpos e até nas alergias respiratórias.
– Manter vacinas, remédios de verme, pulga e carrapato sempre em dia.