Vim ontem à noite passar o fim de semana no hotel Portobello, na Costa Verde, com Joaquim e Felipe, meus sogros, o enteado João Carlos e o sobrinho Francisco, que tem a mesma idade do Felipe e eles se divertem muito juntos.
Aqui é um lugar muito legal para trazer crianças, com estrutura e atividades variadas, e bem perto do Rio. Tem um safári que é o ponto alto. É minha segunda visita com o Felipe e a próxima promete ser melhor ainda, pois, a partir dos quatro anos, as crianças podem ficar desacompanhadas no clubinho com os recreadores, dando um pouco de descanso aos pais…
Meus sogros, que viajaram mais cedo de carro levando os netos, nos relataram uma conversa hilária que rolou na estrada sobre o baby Lucas entre os irmãos Felipe e João Carlos, meu enteado: o João Carlos, de 18 anos, teria dito pro Felipe, de três, que, com o nascimento do Lucas, ele, o Felipe, descobriria como é ser o irmão mais velho, mas que o próprio ainda seguiria sendo o mais velho de todos. O Felipe olhou-o indignado e respondeu que nada disso, que o irmão Lucas era só dele.
Em seguida, para defender sua posição, começou a montar uma nova árvore genealógica, na qual João Carlos deixou de ser irmão e passou a ser primo, e o pai dele virou o avô João (ao volante), e não mais o Joaquim, que era exclusivamente pai do próprio Felipe e do irmão a caminho. Uma trama elaborada para extravasar seusentimento de posse. De fato, ninguém parou pra explicar que esse bebê não é só do Felipe, e que o meio-irmão João Carlos é igualmente irmão dos dois.
Cheguei com o Joaquim duas horas mais tarde e o Felipe veio correndo nos abraçar, ao mesmo tempo em que tentava fazer um cordão de isolamento impedindo o primo Francisco de fazer o mesmo. As tentativas de domínio sobre os pais não pararam por aí. Não quis que eu contasse história pra ninguém além dele (pior pra ele, que ficou sem ouvir), não dividiu o biscoito e fez cara feia para todas as minhas tentativas de aproximação do sobrinho. Tentei explicar que os pais do primo não estavam presentes, que tínhamos de dar muito carinho e atenção, mas a solidariedade durou apenas 30 segundos.
Deixando o ciúme de lado, o saldo é positivo e eles estão se divertindo bastante, mas tenho que ficar ligada para não favorecer nenhum dos dois. Uma pequena demonstração da balança que toda mãe de dois ou mais filhos deve ter que equilibrar.
Estou bastante preocupada em como o Felipe vai elaborarrealmente a chegada do irmão caçula. Todas as amigas que tiveram filhos recentemente, e com as quais tenho conversado, têm reclamado muito da dificuldade que está sendo lidar com o primogênito e dos rompantes de agressividade em relação à mãe e ao bebê, regressão e disputa por território.
Lembrei-me de uma conduta que a Cristiana, prima do Joaquim que mora na Alemanha, contou ter tido de adotar para mudar a percepção do filho mais velho sobre a irmã. Ele ficava muito incomodado que a mãe fosse correndo acudir o bebê ao primeiro gemido, largando tudo pra trás, inclusive ele. A mãe então passou a deixar a filha chorar em períodos cada vez maiores, até que o próprio irmão ficasse aflito e implorasse a ela que fosse socorrê-la. Uma demonstração de que, apesar do ciúme, natural, o instituto fraternal prevalece em situações extremas…
As mães de múltiplos teriam alguns conselhos para compartilhar?