Fedorento e inevitável

Para aliviar a tensão e a necessidade de reflexão sobre os últimos posts decidi que hoje é dia de jogar “merda no ventilador”. Alerto, porém, que, nesse caso, você é o alvo, e o atirador, o seu angelical bebê munido de uma potente metralhadora.

Um bebê recém-nascido e nos primeiros meses de vida, pasmem, faz em média uns oito cocôs por dia, praticamente um por mamada, e desde cedo os pais precisam aprender a lidar com essa matéria-prima de terceiros sem frescura.

Felipe nos pegou desprevenidos em diversas trocas de fralda no exato momento em que levantávamos as pernas dele pra dar uma geral no fiofó. A posição comprime a barriga e libera a saída de ar. E como todo o ar comprimido que precisa passar na pressão por um pequeno orifício, às vezes acompanhado de fezes, a potência é enorme. Um dos tiros uma vez chegou a alcançar a outra extremidade do quarto, a uns três metros de distância.

Dei a sorte de nunca encontrar o meu menino com a fralda transbordada e brincando com o próprio cocô, mas sei que essa cena é muito comum. Temos que lidar com naturalidade com essas questões fisiológicas, jamais brigar ou deixar a criança envergonhada para não criar complexos. Sei de histórias tristes de guris que desenvolveram sérias prisões de ventre e outros problemas psicológicos tamanha a fobia pelo momento de evacuar.

Hoje em dia meu filho nos avisa quando quer se aliviar e paro tudo que estiver fazendo para atendê-lo prontamente. Estou incentivando-o a que ele próprio desça e suba o short e a cueca para ficar mais independente, só que uma criança de três anos ainda não consegue se limpar corretamente. O que me impressiona, e morro de inveja, é a fartura na produção. Como um corpinho tão enxuto, de apenas 15kg, consegue produzir diariamente porções tão generosas, maiores que as de um adulto?

Há uns dois anos uma amiga estrangeira deixou as filhas na minha casa para poder ir ao teatro com o marido e a caçula fez nas calças antes de conseguir me avisar que estava com vontade. O Felipe ainda usava fralda na época e eu nunca tinha lidado com aquela situação. Corri com ela pro banheiro e, ao abaixar a calcinha, constatei que ela estava desarranjada. As fezes foram sujando a perninha, o chão e o tapete do banheiro. Entrei logo com ela no chuveiro e tratei de deixar a menina tinindo. No entanto, não podia devolver para os pais a calcinha naquele estado, precisava lavar. Sem raciocinar direito, em vez do tanque usei a pia do meu banheiro, que em dez segundos ficou entupida. A água marrom começou a transbordar por cima da minha maquiagem. Pânico total. Fechei a torneira e, por sorte, consegui resolver a parada com um desentupidor manual que tinha em casa. Foi uma missão extenuante.

Só não foi mais traumático do que o episódio que uma amiga teve de enfrentar recentemente. Voltou de uma festa de criança carregada de brigadeiros e na hora de botar as filhas pra dormir encontrou sobre a cama o que pensava ser um solitário granulado. Levou à boca na intenção de sumir com a sujeira, mas aquilo não era exatamente chocolate… Foi o pior gosto que ela já sentiu e o mais difícil de fazer ir embora.

Quando introduzimos os alimentos sólidos e a carne na dieta da criança, a fragrância piora muito. Por mais amor que eu tenha pelo meu filho nunca fui imune ao mau cheiro, às vezes fico até nauseada. O princípio é o mesmo do pum. Por que suportamos o cheiro do nosso pum e achamos o dos outros nojento? Essa é uma questão que já foi motivo de diversos estudos científicos. De fato, nosso flato é aceitável por nós (eu não diria agradável), porém o dos outros é podre, repulsivo… Enfim, acontece com todo mundo e não dá para negar.

 

coco pai