Episiotomia Não!!!

Hoje foi publicada no Estadão uma matéria interessante sobre um tema que me incomodou demais no meu primeiro parto, que foi normal: a episiotomia. O link segue no final deste texto. Empurrei o assunto com a barriga com medo do confronto, mas está mais do que na hora de ter uma conversa franca com a minha obstetra sobre nossos planos de voo nesta segunda viagem e sobre o meu desejo de rota.

Apesar de algumas coisas pelas quais passei naquela madrugada do nascimento do Felipe, no dia 5 de novembro de 2011, terem sido um festival de horrores, conforme já contei, o pior passou e nada me marcou tanto a ponto de mudar de opinião sobre as vantagens de se ter um filho de parto normal. Exceto por esse procedimento invasivo e muito sofrido no pós-parto, a episiotomia. Tentei argumentar, na época, dizendo que não gostaria de ser cortada, mas a minha médica me garantiu que um bebê com mais de três quilos dificilmente passaria pelo canal vaginal sem laceração do períneo. Então, ela defendeu uma incisão reta e perfeita no local como sendo a melhor alternativa.

Na gravidez do meu primeiro filho, mesmo querendo muito ter um parto normal, eu duvidava de que na hora H fosse possível, por viver no país das cesáreas. No entanto, são tantas as incertezas e as inseguranças que fazer ou não a episiotomia tinha passado a ser apenas um detalhe, uma prenda que teria de pagar pelo pacote de ter um filho de parto normal, amparada num hospital de ponta e com a médica em que confio e que me acompanhou por toda a vida adulta.

Eu tinha pesquisado sobre parto natural e domiciliar, mas não consegui superar o preconceito nem ter coragem para tanto. Faltaram referências bem-sucedidas de mulheres próximas em que eu pudesse acreditar. Ou até mesmo questionar. A alternativa seria uma maternidade como a Perinatal, que oferece uma estrutura melhor para quem quer ter um parto humanizado. A Casa de Saúde São José, por exemplo, sequer permite a entrada de doulas (profissionais que dão suporte físico e emocional durante o trabalho de parto). Por outro lado, a conveniência também pesou na decisão. Eu morava a 50 metros desse hospital, quer coisa mais prática?

Filho nascido, corte feito, precisei aplicar compressas de gelo no local nas primeiras 24 horas. Até aí tudo bem. Depois, todo cuidado foi pouco. Com medo de fazer força e doer, tive uma prisão de ventre de uns quatro dias. Eis que do nada um maldito pontinho rompeu-se e a ardência passou a ser muito incômoda. Passei os primeiros 15 dias sem poder sentar direito, em cadeira de assento duro, mesmo depois de tirar os pontos. A região toda havia ficado dolorida e eu tinha que jogar o quadril pra frente ou ficar meio de lado. Comprei uma almofada que vinha com um furo no meio em loja de produto hospitalar para obter mais conforto à mesa de jantar. E o pesadelo acabou por aí. Graças a Deus não houve maiores consequências nem problemas para retomar a rotina sexual com meu marido.

Não posso ter controle sobre o nascimento desse segundo filho, entretanto, no que cabe a mim decidir, caso da episiotomia, vou bater o pé, pois acredito que uma eventual laceração vai ser sempre menor, com menos necessidade de pontos do que o procedimento padrão. E quanto à estética lá de baixo, pouco importa. Melhor uma superficial e pequena cicatriz em zigue-zague do que uma grande e profunda linha reta.

http://vida-estilo.estadao.com.br/blogs/ser-mae/nao-me-corta-mulheres-imploram-mas-mesmo-assim-sao-mutiladas-durante-parto-normal/

 

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