Ontem mencionei a estratégia de uma prima do meu marido que, diante do ciúme crescente do filho mais velho pela irmãzinha, passou a deixar a neném chorar por alguns instantes ou minutinhos antes de sair correndo ao seu encontro. O instinto fraternal falou mais alto e o próprio irmão, que antes ficava indignado de ser deixado de lado, passou a avisar e a implorar para que a mãe fosse logo acudir a bebê. A relação entre eles melhorou muito a partir desse recurso, que deve ter sido utilizado por poucos dias.
Uma leitora do blog no Facebook comentou achar a estratégia péssima e acrescentou que o choro é a única forma de comunicação que o RN tem, e que, portanto, ele deve ser atendido prontamente. Não consegui verificar com a prima quantos meses a filha tinha quando ela usou esse artifício. Nem sei se ela seria perdoada se dissesse que não se tratava mais de um RN, pois muitas mães não fariam isso em tempo algum. Fato é que essa troca de comentários bateu de frente com algumas novas teorias e minha intenção de conduta para com o Lucas, meu segundo filho.
Acredito que um dos erros que cometi com o Felipe foi ter sido tão disponível e alarmista. No primeiro gemido transmitido pela babá eletrônica eu pulava da cama na velocidade de um raio e, no segundo seguinte, estava de pé diante do berço ou segurando-o no colo. Mesmo tendo o suporte de uma cuidadora maravilhosa que me ajudou no primeiro ano e dormia junto com ele no mesmo quarto. Eu simplesmente não confiava que ela despertaria na velocidade esperada. Toda manhã eu acordava exausta, com a sensação de ter levado muitos sustos. Meu pior pesadelo sempre foi encontrar o bebê sem respirar. Acho que se ele não tivesse passado, ainda recém-nascido, quatro dias na UTI, eu possivelmente teria sido menos paranoica.
Os primeiros três meses de vida são um divisor de águas, são também o período mais difícil na adaptação à nova rotina tanto para a mãe quanto para o bebê. E o primeiro mês de vida, então, merece atenção redobrada da família, porque, infelizmente, metade das mortes no primeiro ano de vida se dá no primeiro mês. Defendo que o bebê não deve dormir desacompanhado nesse início e hoje penso que o ideal mesmo é que durma no quarto dos pais. Estou planejando colocar um bercinho pequeno ao lado da nossa cama, pois minha intenção é me dedicar mais e contar apenas com a ajuda da atual babá do Felipe. Porém, não pretendo passar muito do primeiro trimestre. Gostaria, inclusive, de colocar em prática algum método desses que ensinam a dormir sozinho.
Comprei e li de cabo a rabo na época os livros Nana neném (Martins Fontes) e o 12 horas de sono com 12 semanas de vida (Zahar), mas não tive coragem de aplicar nenhum processo com o Felipe. Dessa vez pretendo seguir e ser um pouco mais impiedosa, em nome da minha saúde mental e por acreditar que é o melhor para o bebê a médio prazo. Lembrando sempre que só os burros não mudam de opinião…