A internet nos traz coisas tão boas, como a oportunidade de nos conectar com antigos conhecidos em qualquer lugar do planeta. Graças a essa poderosa ferramenta voltei a ter notícias, depois de 25 anos, da Fran, uma adolescente que eu tanto admirava do alto dos meus 11 anos. Hoje ela é a dra. Françoise Quintanilha Padula, uma médica respeitada e atuante. Ginecologista e obstetra e ainda especialista em sexualidade e reprodução humana.

Muito honrada de ter a Fran inaugurando hoje a seção de convidados no site www.projetocegonha.com.br, onde pretendo reunir textos relevantes de um time de peso que entende de assuntos relacionados à maternidade.

Como já comentei aqui, levei seis meses para conseguir engravidar desta segunda vez, mesmo entendendo direitinho do riscado. Mas percebi em rodas de conversas que muitas mulheres não sabem nem por onde começar. Não têm conhecimento do seu corpo, não fazem as contas necessárias para calcular o período fértil ou não trabalham com afinco nos dias determinantes. Por isso achei o tema escolhido por ela tão relevante. Boa leitura!

Conhecendo nosso corpo

Um dia a mulher acorda e, sem entender o porquê, surge um desejo visceral de ser mãe. Acontece com frequência, com muitas mulheres, como se nosso relógio biológico tivesse dado o gatilho para a concretização de uma família. O planejamento familiar passa, então, a ser uma das nossas prioridades. E, diante de um mundo imediatista, em curto período essa começa a ser a razão de angústia para muitas mulheres.
O primeiro passo para dissipar esse sofrimento é a informação. Uma consulta pré-natal com o ginecologista fará com que a mulher realize check-up para avaliar vacinas, citologia oncótica (desculpem o termo médico-preventivo), além da avaliação das mamas. Podem parecer estranhas tais preocupações, mas elas são importantes para uma gestação numa mãe saudável, além de protegerem o bebê de possíveis doenças adquiridas na gravidez.
Mas algumas questões podemos tentar sanar de imediato. Devemos conhecer nosso corpo e avaliar nosso período fértil. Muitas mulheres têm dúvidas nessa área. O período entre duas menstruações representa um ciclo menstrual. O ciclo menstrual fisiológico da mulher é de 28 dias. Mas essa precisão não ocorrerá com todas nós. O primeiro passo, dessa forma, será conhecer nosso ciclo menstrual. Devemos anotar o primeiro dia de menstruação e entendê-lo como o primeiro dia do ciclo. Avaliamos, então, nosso muco cervical (mais um linguajar médico, perdão – a secreção vaginal). Se paramos um pouco para avaliar nosso corpo, observaremos que o muco vaginal se altera durante o mês, estando hora branco e espesso, hora fluido e claro; no meio do ciclo, ele lembra uma “clara de ovo”. Pois esse terceiro padrão de secreção representa o nosso período fértil e tem o papel de facilitar o deslocamento dos espermatozoides em direção ao nosso óvulo. Assim que entendemos nosso ciclo fica mais fácil identificar o momento que o óvulo está pronto para ser fecundado.
Algumas coisas devem ser ditas aqui. Nada de ansiedade e pânico no caso de ciclos eventualmente irregulares, pois esses sentimentos podem ser, inclusive, os responsáveis por tal variação. Outro dado importante está relacionado com o ciclo em si. Existe uma variação do número de dias de cada ciclo em cada mulher. Ele não é tão preciso na maioria de nós. Por isso, uma variação de 25 a 35 dias para o ciclo é considerada normal.
Foi dada a largada para o conhecimento do nosso corpo. Espero trazer informação e ajudar a esclarecer dúvidas que surgem nesse processo de busca da maternidade.

Françoise Quintanilha Padula é casada e mãe de dois filhos: Rodolfo e Valentina. Ginecologista e Obstetra da Febrasgo, especializada em Sexualidade Humana pela USP, especialista em Reprodução Humana e especialista em Endometriose e Cirurgia Minimamente Invasiva pelo Instituto de Ensino e Pesquisa do Hospital Sírio Libanês. Hoje atua em seu consultório em Petrópolis, além de ser monitora em laparoscopia no Hospital Sírio Libanês, em São Paulo.