Acidentes são inevitáveis

Hoje aconteceu um acidente que me deixou muito chateada. Estava brincando com o meu filho na piscina e ele se virou abruptamente. Minha unha entrou dentro do olho sem que ele sequer tivesse tempo de piscar. Por sorte foi só na parte branca e não na córnea. Ele chorou muito mas não ficou bravo comigo. Pelo contrário, queria colo e pedia pra eu assoprar. O resultado: dois pequenos coágulos na parte branca. Consegui tirar uma foto e mandei para o meu pediatra high tech, o Fernando Majzels, que respondeu o email em 15 minutos prescrevendo dois colírios diferentes. Se amanhã ele reclamar de dor, recomendou levar num oftalmologista. Acho que não é nada grave, mas o susto foi enorme. Ver um filho se machucar já dói, imagine como a gente se sente quando é responsável ou coadjuvante?

Já fui descuidada a ponto de deixar o meu pequeno rolar da cama quando ainda tinha poucos meses de vida e levar vários tombos sofridos enquanto aprendia a andar. Na nossa casa a gente acaba mapeando e modificando a decoração em função dos perigos eminentes – não preciso nem mencionar a instalação de redes nas janelas, né? A própria criança aprende a contornar, evitar, mas na casa dos outros o risco é muito maior. Visitando um compadre em São Paulo, o Felipe começou a brincar com um carrinho de ferro, do tipo que adulto coleciona. No minuto seguinte o maldito brinquedo escorregou da mão dele e atingiu o dedão do pé, cuja unha ficou com sangue pisado na mesma hora. Semana passada saindo do taxi tirei ele às pressas e a consequência foi uma canelada na porta. Dores que cortam os nossos corações. Me penitencio com dez chibatadas morais, prometo ser mais cuidadosa, mas acabo escorregando outra vez.

Estimulei o banho de chuveiro com o pai desde que ele tinha um mês de vida, mas tinha pavor do sabão entrar na jogada. Comprei um banquinho de plástico para diminuir a distância até o chão, onde o Joaquim ficava sentado com ele no colo. Na hora da limpeza eu participava da porta do box ajudando a passar o sabonete líquido. Graças à Deus nunca aconteceu nada nos nossos banhos, mas conheço um pai que deixou o filho escorregar. Pânico total e uma feliz constatação: os bebês são mais fortes do que parecem e o filho dele não teve nenhuma sequela.

A mensagem que quero passar é que dentro do nosso dever de proteção junto aos nossos filhos devemos aceitar que não podemos ter controle sobre tudo e que não somos onipresentes. Toda criança vai sofrer algum tipo de acidente, seja com ou sem a nossa participação. Não tem como evitar. E não se culpe tanto. O que podemos sempre fazer é tentar antever as situações de perigo e ter um olho clínico pra isso.

Alguém aqui se sente responsável e ainda sofre com algum episódio que aconteceu com o seu filho?

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