O padrinho 

Ontem à noite fizemos o convite ao padrinho do Lucas. O nome dele é Pedro Henrique Britto Cunha, um amigo muito querido que teve o papel mais importante na formação da minha família: me apresentou o futuro pai dos meus filhos!

Era uma sexta-feira banal de outubro de 2007 quando recebo um telefonema do Pedro sondando sobre qual era a boa pedida praquela noite e perguntando se eu já tinha alguma balada engatilhada. Desde que lancei a Agenda Carioca tenho sido procurada pelos amigos, que buscam dicas de programação na cidade.

Tinha chegado de uma press trip a Los Cabos, no México, naquela manhã, e disse que, provavelmente, ficaria em casa por estar muito cansada. Ele respondeu que sairia ao menos para jantar, no Guimas da Gávea, e que estava acompanhado de um amigo, que, pelo nome, eu já sabia quem era, pois a Luisa, irmã mais nova do Joaquim, tem a minha idade e muitas amigas em comum. Me convidou para ir junto.

A presença do Joaquim fez toda a diferença. Como o Pedro era apenas um bom amigo, o cansaço não justificava o esforço, mas já o outro, era carne “nova no pedaço”, poderia ser uma boa investida. Aceitei o convite e a carona da dupla. O papo foi ótimo e, segundo o Pedro revelou depois, o excluía totalmente. De cara, o Joaquim e eu entramos na maior sintonia. No fim do jantar outros amigos foram aparecendo e sentando à nossa mesa. O “clima” foi se dissipando. Me despedi, fazendo um convite para uma reuniãozinha que iria oferecer na minha casa na noite seguinte.

Mal sabia ele que seria apenas um dos quatro ou cinco pretês que eu havia convidado. A reuniãozinha virou uma festa com pelo menos 40 pessoas. O Joaquim apareceu e foi, de longe, o mais determinado, “disposto a esperar o salão esvaziar”, como disse a amiga Mariana Gross no discurso que fez no nosso casamento. Para encurtar essa história, daquela noite em diante não tive olhos pra mais ninguém e não desgrudamos mais. Com três meses de namoro estávamos morando juntos, e com um ano e meio nos casamos.

A escolha dos padrinhos em geral divide opiniões. Tem quem opte por membros da família, pela proximidade, e quem prefira pessoas de fora, correndo o risco de, ao longo da vida, perder o contato. Somos da segunda leva, pois achamos que parentes já têm, por natureza, um papel especial. Meu padrinho é meu tio e, por conta da homenagem, sempre me concedeu um tratamento diferenciado. Não gostaria de estimular essa comparação inevitável entre irmãos.

Voltando ao Pedro, ele não é um amigo de infância, como a Mariana, escolhida para ser a madrinha do Lucas, mas é um amigo muito presente e atencioso. Como a maioria dos grandes homens, tem uma mulher especial a seu lado, a Patricia Miranda. Vejo menos do que gostaria, já o Joaquim, almoça no Centro quase semanalmente com ele e o Alexandre Kingston, padrinho do Felipe. O Pedro é um advogado muito competente (sempre bom ter um por perto), tricolor doente, como o Joaquim, e pai de duas meninas, por isso acho que vai gostar de ter a companhia masculina do Lucas no Maracanã e em outros programas de rapazes. 

O Pedro é uma daquelas raras pessoas que não se esquece do aniversário dos amigos e tem um real interesse no outro. Acho que uma de suas grandes qualidades é ser um excelente ouvido, sensato e ponderado. Já me aconselhei com ele diversas vezes sobre os assuntos mais diversos. Coincidentemente, escolhemos para apadrinhar o Lucas a mesma dupla que discursou no nosso casamento, quando o Pedro disse uma coisa muito linda: “O tempo consolida o amor verdadeiro. Existe um tempo cronológico, medido em minutos, meses e anos, e existe um tempo afetivo cuja unidade de medida é o prazer. Para os apaixonados, não estar junto é desperdiçar o tempo. Um dia pode ser um segundo ou uma eternidade. Em uma insuperável declaração de amor o escritor Jorge Luis Borges afirmou: ‘estar com você ou não estar com você é a medida do meu tempo’. 

Pedro, estamos muito felizes por você ter aceitado o nosso convite!



Joaquim e eu com os padrinhos do Lucas: Mariana e Pedro Henrique. Foto de Miguel Sá