Pensem comigo: uma pessoa que carrega leite no próprio nome tem o que pra oferecer? Obcecada pela amamentação, pela importância de dar o alimento que eu tive a sorte de ter em abundância para o meu filho e até para outras crianças (doei leite durante três meses para o Instituto Fernandes Figueira), fui negligenciando o casamento, concentrando atenções no baby e deixando o marido de lado. Perdi o interesse no romance e fiz com que ele também se afastasse. Deixei de lado o pudor e a vaidade.
Manuseava a bomba na frente dele, brincava de arremesso de leite, apertando o peito como se fosse um esguicho para ver a distância alcançada (passava de um metro, garanto), dormia com a camisola suja do leite que tinha vazado naquele dia, mal penteava o cabelo e outras coisas das quais nem consigo lembrar, mas certamente nada excitantes. Sem falar nos 20 quilos que engordei durante a gravidez.
Ele respeitou o momento, porém não conseguiu manter-se alheio a tudo isso. Ficou distante, observando e esperando a tempestade passar. Foi quando me dei conta de uma dura realidade, que talvez não tenha sido a de outras mulheres, mas certamente foi pra mim. O filho é nosso para todo o sempre, já o amor de marido, a admiração e o interesse do companheiro não são incondicionais!
Não sei até que ponto eu teria amamentado, provavelmente bem mais do que os seis primeiros meses, quando interrompi a amamentação com o uso de medicação. Foi uma das difíceis mais decisões que já tomei na vida. Fiz isso e uma semana depois, segura de que o Felipe estava aceitando bem a mamadeira, em maio de 2012 embarquei para a França, para uma viagem romântica pela Borgonha (fotos anexas) e depois Paris, por dez dias. Ninguém precisa ir tão distante, o mesmo efeito pode ser alcançado com alguns dias longe da rotina num local charmoso.
A viagem nos reconectou, como dois fios desencapados precisando de uma fita isolante. Foi bom demais e voltei com a cabeça muito melhor para ser uma mãe melhor para o meu filho. Oxigenei!!!
PS: Parênteses para uma coisa impressionante que aconteceu num determinado dia tentando brincar com o neném pelo Skype: meu peito, que estava seco há mais de dez dias, começou a produzir leite ao me emocionar e sentir saudades… Que natureza fantástica!