Vim passar o fim de semana em São Paulo, mais precisamente em Ibiúna, na casa de uma amiga de infância com mais outro casal de amigos cariocas. Saí ontem de casa, no Rio, às 13h e só cheguei aqui às 21h30. O voo atrasou bastante e, quando finalmente decolou, não pôde pousar em São Paulo porque a cidade estava sem teto. Levamos então hora e meia dando voltas no céu, quando o normal seria completar todo o trajeto em 50 minutos. Trânsito caótico até a casa de uma amiga que nos emprestaria um carro para seguirmos viagem até o interior. Pit stop rápido para usar o banheiro e comer um sanduíche. E mais duas horas e meia de estrada até o destino final, metade dela com chuva. Vocês podem imaginar o humor geral da família e principalmente do Felipe…
Viajar é estar preparado para imprevistos. E eles acontecem. Com o outro casal de amigos o estresse foi já na largada. Chegaram no aeroporto e a babá tinha esquecido os documentos. Ficou pra trás. Saibam que é regra geral: não há a menor possibilidade de um adulto ou uma criança embarcarem sem identidade ou apenas com xerox. Mesmo sabendo de tudo isso, eu quase me ferrei, pois só me lembrei de pegar o RG do Felipe saindo de casa. E como a Lei de Murphy nunca falha, naquela correria habitual não o encontrei. Agarrei o passaporte, mas me dei conta de que esse documento não traz mais filiação, o que poderia dar galho. Para não correr risco algum, juntei também uma cópia autenticada da certidão de nascimento.
Carrego sempre dois tipos de biscoito, uma fruta e duas garrafinhas de líquidos pra ele, uma com suco ou água e outra com mate. Estava na dúvida se poderia embarcar com as bebidas, então consultei a atendente do guichê antes de despachar as malas, já preparada para transferir as garrafas. Felizmente, com líquidos e mamadeiras de criança eles não costumam encrencar. Nem sempre é assim, por isso um dos principais conselhos é não viajar com doses contadas. Tenha sempre roupa e leite extras, pois a criança pode se lambuzar de repente ou você ser obrigada a descartar as fórmulas naquele momento do raio-X, sob o risco de não embarcar. Uma amiga me contou que teve de abrir e provar uma a uma, na frente da Polícia Federal de um aeroporto da Europa, as diversas papinhas que carregava para sua neném. E como depois de abertas elas ficam contaminadas em algumas horas, a reserva técnica dela foi pro espaço.
Tenha na mala de mão um kit de sobrevivência por no mínimo mais 24 horas, incluindo algumas recreações como livrinho, lápis de cor e pijama, escova de dentes, lenço umedecido, um vidro de papinha e muitas fraldas, pois vai que a mala despachada não chega… No caso de um bebê, a lista aumenta e inclui chupetas, mamadeiras e outras tralhas (leve também uma escovinha e um minidetergente, caso precise lavar os recipientes na pia do banheiro do avião ou na beira da estrada).
Priorize mochilas ou malas de quatro rodas, que nos permitem ficar com as mãos mais livres. Sempre prefiro a mala de rodas, pois aí posso apoiar a minha bolsa e aliviar o peso dos ombros.
Evite ao máximo carregar pequenos volumes – a gente sabe, porém não aprende! Ontem o Felipe, saindo de casa, insistiu em levar uma maletinha lotada de carrinhos e cedi. Resultado: esquecemos a maleta no carrinho de malas do aeroporto antes de entrar no táxi. Por sorte, a cooperativa identificou o motorista e ligou avisando. Vamos poder resgatar no aeroporto amanhã, na volta.
Não conte com farmácias no local, organize tudo como se estivesse indo para uma ilha deserta. Sobretudo em relação a medicamentos. Peça uma lista ao pediatra de tudo que seu filho pode vir a precisar. Mas seja mais atenta do que eu fui no ano passado, quando viajamos para os EUA em família. Segui a lista à risca, só que não conferi atentamente a compra e não percebi que o farmacêutico fez confusão e enviou um antibiótico em cápsulas para adulto. O Felipe teve uma infecção, precisou do remédio e tive que acionar um médico local. Aliás, nunca viaje para o exterior sem contratar um plano de saúde extra pelo período. A cobertura convencional que os planos brasileiros oferecem é restrita e cheia de regras.
E se você quiser ser infalível, faça você mesma a mala do seu filho, não terceirize pra ninguém. Mais um conselho pra uso externo… Dessa vez a babá do Felipe esqueceu repelente, protetor solar e meias antiderrapantes (ótimas pra usar depois do banho e antes de dormir). Dei mole, pois esqueci de pedir a ela que conferisse a lista padrão que criei tempos atrás, mas jamais deixei uma cópia impressa. Recomendo que você também faça a sua para poder lembrar-se de todos os itens e ficar mais ágil na produção.
Acima de tudo, antes de partir, mentalize e peça por uma boa viagem com muita paciência!!!