Hoje voltei dirigindo de Angra com o Felipe e a Cris, babá dele, ambos sentados no banco de trás. Fiquei atenta aos limites de velocidade e fiz o mínimo de ultrapassagens. Uma condução muito diferente do meu padrão normal. Não pense que é sinal de maturidade e cautela. Virei uma mulher medrosa. Tenho medo de morrer, medo de partir e fazer sofrer quem me quer bem e medo de machucar alguém, principalmente as pessoas que eu mais amo no mundo.

Sempre gostei de velocidade e adrenalina. Enquanto as meninas da turma ficavam vendo os rapazes correrem de kart, eu era a única que vestia o macacão e ia competir. Já fiz loucuras, como saltar de paraquedas, asa delta (duas vezes), parapente e bungee jump (duas vezes também, sendo que a segunda, de costas, para sentir mais “emoção”).

Tive duas scooter por mais de cinco anos. Só vendi a minha segunda motoca (a primeira foi roubada) quando fiquei grávida do Felipe. E por pressão do marido. Foi um seguro contra mim mesma, pois no fundo sabia que, se não vendesse naquele momento, voltaria a pilotar depois de ter o filho. Até hoje fico tentada… Ainda mais naqueles dias de muito tempo perdido em longos engarrafamentos. Concordo que foi a melhor decisão, pois eu era um perigo ao volante. Costurava no trânsito, equilibrava sacolas de compras nos dois guidãos e subia destrambelhada a ladeira de paralelepípedos para chegar no último prédio da Macedo Sobrinho, endereço do meu antigo apartamento.

Já tinha ouvido falar de mães que desenvolveram síndromes de pânico, que passaram a ter medo de avião e outras coisas mais. Principalmente quando viajam sozinhas. Se estão todos os ovos no mesmo cesto, a família toda junta, tudo bem. Mas se alguém fica pra trás… Preferem pegar voos separados do marido para reduzir em 50% as chances de deixarem órfãos. Achava tudo isso um exagero, até constatar que as minhas neuras estão crescendo. Não arrisco mais uma corridinha entre dois carros para atravessar a rua, não piso fundo no acelerador, não bebo antes de dirigir.

E você? O que passou a evitar depois de ter filhos?