Despedida do trio

“Por que ela veio?” Essa foi a primeira frase que o Felipe disse ao pai na sexta-feira, na saída da escola, quando nos encontrou juntos, no pátio. “Não gosto de você”, “chega de falar de neném”, “sai daqui” foram outras pérolas que tive de digerir ao longo da última semana.

Em outros momentos (cada vez mais raros), ele me chama de “mamãe princesa”, “linda”, e pede colo ou carinho. A chegada do irmão está próxima e ele, nitidamente, sente, sofre e desconta em mim o medo da mudança que vem por aí. Em compensação, é só amores com o pai. Se acorda cedo mas o Joaquim já foi trabalhar, fica triste. E quando o pai chega em casa, à noite, Felipe larga o que estiver fazendo e corre para dar um abraço nele. Eu virei a vilã e o pai o herói salvador.

Outra coisa preocupante é que em quase todas as últimas sete noites o Felipe acordou de madrugada e veio pra nossa cama. Cansados e com sono, acabamos com preguiça de lutar contra isso, de ficar acordado o tempo necessário fazendo companhia a ele no quarto DELE até que consiga voltar a dormir. O pai, mais ainda. Não fosse pela minha súplica, deixaria nosso primogênito dormir conosco todas as noites sem se incomodar. Já eu, não gosto, conceitualmente, do hábito e ainda durmo muito mal quando ele está entre nós. Teve uma noite que desisti de pedir e fui pra cama do Felipe, deixando os rapazes dormindo juntos no meu quarto.

Por essas e outras, decidimos que passar um fim de semana bem juntinhos, em família, num lugar desconhecido, seria uma boa ideia para dar ao Felipe mais segurança e dedicação total e ainda curtir os últimos momentos de trio antes de virarmos quarteto.

Escolhemos o Parador Lumiar, perto de Nova Friburgo, por termos ouvido depoimentos de amigos encantados com as instalações, a natureza e as maravilhas da cozinha do chef Isaías Neries. Isaías foi sous chef da Flávia Quaresma no Carême. Restaurante esse que ficava em Botafogo e fechou, mas do qual sempre me lembrarei com carinho, por ter sido o escolhido para comemorarmos nosso primeiro ano de namoro na noite que acabou sendo aquela em que o Joaquim me pediu em casamento!

Chegamos no Parador Lumiar ontem à tarde, mas ainda a tempo de comer uma deliciosa feijoada que atrai, além dos hóspedes, visitantes de toda a região. Após o almoço, Felipe pescou pela primeira vez, explorando o lago que fica no centro da propriedade, com apenas 13 confortáveis chalés individuais. Acender a lareira dentro do quarto foi parte da diversão.

Jantamos cedo um menu degustação com três pratos do cardápio lançado recentemente para celebrar os dez anos de funcionamento do hotel, que integra o Roteiros do Charme e é comandado pelo casal Marcelo e Marielza Fontes.

Me permiti sair da forçada dieta regrada pela diabetes e caí dentro de uma entradinha de tapioca com queijo coalho crocante recheada com queijo brie e geleia de pimenta; depois comi um pansoti de tomilho e taioba recheado com lagostin ao molho dendê; e ainda finalizei com algumas colheradas de uma sopa de brigadeiro explosiva com sorvete de banana e cocada de inhame e coco fresco. Delírio total, orgia gastronômica que valeu a pena! A glicose até que não foi à lua, ficou em 178 após uma hora. Poderia ter sido pior…

Hoje cedo vencemos um trauma do Felipe, que, com disposição e coragem, subiu num cavalo com o pai e deu uma volta de meia hora pelas redondezas. Passamos o dia na piscina, na companhia de um casal carioca adorável que conhecemos lá e seus dois filhos, que, apesar de serem mais velhos, deram a maior atenção pro Felipe, que corria de um lado pro outro, alimentava os peixes do lago com pedacinhos de pão e se soltou como eu nunca tinha visto antes. Sem falar que dormiu numa caminha de armar colada na nossa por 12 horas ininterruptas e acordou dizendo que era metade da mamãe e metade do papai.

Voltamos pra casa às 16 horas tendo aproveitado bastante o dia, mas com gostinho de quero mais…

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