Nesta segunda gravidez, me matriculei na aula de pilates do Espaço Bella Gestante. Queria fazer o que estivesse ao meu alcance para não sentir dores parecidas com as que tive na gestação do Felipe. Sofri muito na região da lombar e das escápulas. Na época recorri à quiropraxia na clínica do Plinio De Barros Barreto e à acunpuntura, com a minha querida amiga Suzana Bittencourt. As sessões ajudaram bastante, mas eram paliativos para me tirar das crises. Muito melhor teria sido fortalecer e alongar a musculatura como estou procurando fazer agora. O fato de não estar ganhando tanto peso também faz tudo mudar de figura.
A professora Vanessa Lopes, que me orienta nas aulas às terças e quintas pela manhã, entendeu perfeitamente minha preocupação e tem direcionado os exercícios para prevenir os sintomas. Mas o que eu mais malho na aula é a língua. Não paro de puxar assunto. Fiz duas amigas queridas nessa turma que pretendo continuar encontrando fora de sala, já com os nossos bebês.
Aproveitei pra pedir à Vanessa que me contasse como tem sido sua experiência com as barrigudas. Confiram:
“Nos últimos quatro anos dando aula de pilates para grávidas, pude perceber suas principais queixas, seus medos, suas dúvidas e reclamações, enfim, uma gama de informações divididas comigo durante as aulas.
Minhas gestantes, como as chamo carinhosamente, chegam ao pilates, na maioria das vezes, com a esperança de evitar o sobrepeso muito além do normal. Porém, isso vai depender do estilo de alimentação que elas adotam. Explico que o pilates vai garantir o bom condicionamento físico, tônus e alongamento, mas não o emagrecimento.
As futuras mamães também se queixam de dores na lombar, costelas, virilha, cansaço nas pernas, aparecimento das terríveis celulites, estrias, edemas… Tento sempre acalmá-las explicando que estas são condições físicas passageiras e que após o parto tudo volta ao normal gradualmente.
E o que dizer dos rompantes de ansiedade para os preparativos do enxoval, da montagem do quarto, a indecisão quanto à escolha do nome, a esperança de parto normal… Já pude acompanhar vários e vários casos de uma ansiedade gostosa e cheia de esperança.
Durante as aulas, quando monitoro duas ou três gestantes simultaneamente, quase não dá para controlar. Elas trocam informações entre si o tempo todo, não prestando muita atenção aos exercícios e à respiração. Tento, da melhor forma possível, conduzir e voltar o foco delas para os exercícios.
Mas o pilates para a gestante é mais que uma atividade física. É uma forma de elas expressarem suas expectativas e ansiedades compartilhando isso com outras mulheres na mesma situação.”
A seguir, transcrevo uma explicação mais técnica sobre a prática do pilates, preparada por Vanessa, para os leitores do Projeto Cegonha que tiverem curiosidade em entender melhor seus princípios:
“Durante a 1ª Guerra Mundial, o alemão Joseph H. Pilates (1880-1967) desenvolveu uma série de exercícios que poderiam curar lesões e problemas posturais.
Assim, pilates é um método para educar nosso corpo de uma forma consciente e equilibrada, tornando-o apto para a vida cotidiana. Sua gama de aplicabilidade é bem ampla, indo desde a pós-reabilitação até o condicionamento físico de atletas, por isso se tornou um método tão famoso no mundo inteiro e praticado por diversos públicos: idosos, crianças, gestantes, atletas, bailarinos etc.
São oito os princípios básicos do método propostos durante a realização das aulas:
• O relaxamento é necessário para liberar as tensões físicas e mentais e preparar o corpo para a execução correta do exercício.
• A respiração nos permite observar o nosso próprio ritmo, ajustando esse ritmo às necessidades do POWER HOUSE e da fluidez dos movimentos.
• A concentração (também chamada de visualização) é a integração mente-corpo, visualizando mentalmente o movimento a ser realizado ativando os programas de aprendizado neuromotor.
• O POWER HOUSE é a ativação do centro de força e a realização do movimento a partir desse centro.
• O alinhamento nos permite corrigir padrões posturais e estruturar o movimento respeitando as vias ósseas, articulares e miofasciais.
• A coordenação vai nos permitir gerar o movimento com as sinergias apropriadas.
• A fluidez nos demonstra que as sinergias musculares estão corretas e o movimento está sem bloqueios.
• A força (também chamada de vigor) é a aplicação dos princípios anteriores, sendo o resultado do uso do corpo como um todo e não da contração isolada de alguns músculos.
O pilates está entre as modalidades de exercícios recomendados para as gestantes, à exceção das que se encontram em gravidez de risco ou que tiveram algum tipo de complicação e por isso devem seguir recomendações médicas de repouso. É importante que o ginecologista esteja ciente da prática dos exercícios.
Acreditava-se que o Pilates era contraindicado para gestantes devido ao fato de sua propaganda estar muito voltada para “malabarismos” nos aparelhos e na bola, e também pela grande ênfase dada à contração abdominal. Na verdade, o pilates pode ser adequadamente adaptado para a gravidez, desde que não sejam realizados certos exercícios, como os abdominais.
É importante ressaltar que a gestante não deve ser colocada em posições que causem desequilíbrio a fim de evitar quedas, mas os exercícios de braço são muito indicados, já que fortalecem a região, dando boas condições à futura mamãe de carregar seu filho no colo.
Pernas também estão liberadas para serem trabalhadas, a fim de se evitar dores articulares que possam surgir em função do sobrepeso, que acomete a mulher durante esse período.
Os exercícios de alongamento devem ser priorizados, pois, na gravidez, em função do aumento abdominal, o peso da mulher se desloca todo para a frente, alterando o seu centro de gravidade, aumentando a curvatura fisiológica da coluna e causando dores.
Os exercícios abdominais e a mobilidade da coluna serão, naturalmente, praticados durante os exercícios de braços, de pernas e através da respiração característica do método.
O pilates auxiliará a gestante no período pós-parto, facilitando o retorno mais rápido do abdômen e diminuindo a flacidez característica do período.
Cabe ressaltar que é necessário que o ginecologista esteja de acordo com a prática. O ideal é que ele mande uma liberação por escrito para que o instrutor saiba do andamento da gestação. Se a aluna suspeita que está grávida, deve avisar imediatamente o instrutor, mesmo que ainda não tenha feito nenhum exame para comprovação, para que se evitem certos exercícios, garantindo uma gestação sem sustos.