Ontem pela manhã, em pé, gozando de todo o meu direito na fila preferencial do Zona Sul, uma senhora atrás de mim reparou na minha única, porém abarrotada, cestinha de mão de compras. Então me abordou e disse que eu não deveria estar carregando aquele peso. Sorri e agradeci pela preocupação, mas achei um certo exagero da parte dela. Finalmente cheguei naquele ponto em que as pessoas começam a ter um misto de pena e zelo pelas grávidas. Estranhos olham diferente na rua, por conta do tamanho da barriga. Fico pensando em formas de capitalizar isso, mas não me sinto à vontade explorando ninguém, exceto o Joaquim… Ele, que não se comovia muito na primeira metade da gravidez e vivia dizendo que eu não estava doente, estava grávida, mudou da água pro vinho e agora é o primeiro a oferecer um copo d’água, a me deixar na porta dos lugares para depois estacionar sozinho, a dizer constantemente que eu deveria descansar…
Em termos de esforço, não consigo deixar de pegar no colo o Felipe, com seus 16kg, apesar de procurar evitar. Não hesito em me abaixar para procurar o chinelo que foi parar debaixo da cama nem me furto a abrir uma garrafa de rosca ou girar uma tampa de produto em conserva. O que pode realmente acontecer como consequência desses pequenos esforços do dia a dia? Estou sendo imprudente? A bolsa pode romper? Alguém pode me esclarecer e me dar um sacode se eu estiver errada?
O Joaquim me perguntou hoje quando pretendo parar de dirigir. Ele já vinha me pedindo pra evitar destinos mais afastados. Respondi que pretendo guiar até o momento de ir para a maternidade… A única coisa que me preocupa é o cinto de segurança. Tenho que ser muito cuidadosa para não me meter em colisão, pois a pressão do cinto contra a barriga diante de um impacto pode ser desastrosa. Já sinto desconforto só de passar por um bueiro ou quebra-molas.
Encontrei essa imagem no site da editora Abril e achei-a bem ilustrativa sobre a redistribuição dos órgãos para permitir o crescimento do bebê na barriga. Reparem no que acontece com o estômago e com a bexiga. Não é pra menos que o meu umbigo quis pular fora.