O apoio e o carinho que recebi ontem nos comentários me fizeram tão bem… Hoje tô muito mais pra banho-maria do que pra panela de pressão. A Juliana Fraga fez uma observação interessante sobre a qual ainda não tinha me dado conta e que fez todo o sentido: “Tirar o açúcar da nossa vida traz mudanças enormes. Nessas horas é que vemos como somos dependentes de alguns alimentos que funcionam como uma droga para o nosso corpo. Pense que vc está fazendo uma desintoxicação e isso mexe muito com o nosso humor. As preocupações são enormes, mas no final tudo dá certo. Tirar o açúcar da nossa vida bem na hora em que mais estamos fragilizadas é muito difícil… Mas daqui a pouco você acostuma e vai domar essas ondas de humores!!!”. É isso aí, meu diagnóstico ficou mais completo. Além de toda a descarga hormonal natural de uma gravidez, estou com síndrome de abstinência de açúcar, uma droga tão sociável quanto imperceptível.
Tudo ia bem até o fim da tarde, quando recebi pelo correio os livros de bebê que minha irmã Renata e meu cunhado Sérgio encomendaram de presente para o novo sobrinho no Atelier Luiz Fernando Machado, em São Paulo. Eu tinha especificado diretamente à oficina que queria um modelo igual ao do Felipe, pois já estou cheia de culpa, achando que o do Lucas vai ser muito menos preenchido. Vejam como eu tinha paciência e entusiasmo para escrever até o fim da página… Mas um dos livros veio com uma gravação que detestei, com os dizeres Álbum do Bebê bem no local onde eu pretendia gravar, posteriormente, o nome do Lucas e sua data de nascimento. E o outro, de um tamanho menor. Dei um leve piti pelo telefone (deve ser parte de algum mecanismo interno e involuntário acionado para preencher a cota diária de faniquitos) e eles prometeram fazer novos álbuns.
Mas para que servem esses livros?, algumas de vocês devem estar se perguntando… O primeiro é o livro clássico de bebê que já vem com páginas determinando o conteúdo a ser preenchido pelos pais, com detalhes sobre o dia do nascimento, a chegada em casa, o chá de fraldas, o primeiro banho, a árvore genealógica, o primeiro passeio, as primeiras palavras, o primeiro aniversário e por aí vai. O segundo livro é apenas um belo caderno com o mesmo acabamento em capa de couro e páginas em branco que pretendo levar para a maternidade e pedir aos parentes e amigos que escrevam uma dedicatória (e depois às visitas que receber em casa). No livro do Felipe aproveitei as páginas que sobraram para colar os cartões avulsos e anotar a lista de presentes recebidos. Uma dica: compre canetas coloridas para que as dedicatórias fiquem mais alegres, mas cuidado com hidrocor muito forte, pois pode manchar o verso da folha.
Minha mãe foi muito caprichosa com o meu livro do bebê, que guardo com enorme carinho e tenho prazer em folhear. Ela anotava também algumas das minhas sapequices. Conta, por exemplo, que um dia foi à igreja comigo a tiracolo e, ao acender uma vela e pedir uma bênção, eu desatei a cantar parabéns e a querer apagar não só essa vela como todas as outras em volta.
O Joaquim chegou do trabalho há pouco, me viu tirando essas fotos e soltou a seguinte pérola, depois de me ouvir reclamar que ele não preencheu até hoje a página do álbum do Felipe reservada para um singelo recado do pai: “Conforme-se que seus filhos são homens e, provavelmente, não vão dar o mesmo valor que você deu a vida inteira ao seu livro de bebê”. Magoei.
Mas pra uma coisa eu preciso mesmo estar preparada. Decerto não receberei metade das visitas e dos presentes que ganhamos no nascimento do primeiro filho. Faz parte. Quem tem mais de um rebento pode me confirmar se é assim que a banda toca?