Um mal necessário

Desde que completei 24 semanas estou embromando para fazer o exame de TTGO (Teste de Tolerância à Glicose), com Dextrasol, pois minha lembrança dessa experiência na gravidez do Felipe é das piores. Agora, com 27, resignada, percebi que não dava mais pra escapar. Até porque, em 2011, o exame apontou uma pré-diabetes gestacional.

Tinha consulta agendada para hoje com a minha obstetra, mas como comi demais no feriado da Páscoa (estou com medo de subir na balança) e ainda não tinha feito nem este nem outros exames de sangue e urina que ela me pediu na consulta passada, inventei uma desculpa pra remarcar e ganhar tempo.

Esse exame de sangue é indicado para ser realizado entre 24 e 28 semanas de gestação. Ele verifica a curva glicêmica e a capacidade que o seu organismo está tendo de processar a glicose. O que o torna desagradável é a solução extremamente doce que a paciente precisa ingerir após a primeira coleta. E também as três picadas no período de duas horas. É preciso ter o acompanhamento através de uma amostra de sangue antes de ingerir o tal líquido, na primeira hora e na segunda hora.

Decidi fazer o procedimento no laboratório Sérgio Franco de Botafogo, pois soube que eles têm uma salinha com poltrona reclinável para que os pacientes possam repousar no intervalo entre as coletas. Achei bem confortável, ganhei até cobertor e a companhia da Ana Maria Braga. Antes, porém, tentei argumentar que morava na mesma rua, que poderia ficar indo e vindo e descansando em casa. Mas eles explicaram que se eu fizesse um mínimo esforço, por mais curta que fosse a caminhada, poderia gastar esse açúcar e mascarar o resultado do exame. Aceitei a determinação e levei comigo material de leitura para fazer o tempo passar mais rápido.

O enfermeiro que me atendeu me deu duas alternativas: agulhar uma vez só e colocar um cateter para permitir o acesso venoso nas duas coletas seguintes, mas permanecer praticamente imóvel por duas horas; ou levar três picadas distintas mas poder ir ao banheiro, levantar pra beber uma água, ter um pouco mais de locomoção. Como não tenho nenhuma fobia de agulha, optei pela liberdade de movimentos.

Dei mole de não tomar os 350ml do líquido de uma talagada só e diretamente no gargalo da garrafa. Fui de copinho em copinho, o que rendeu umas três porções, tempo suficiente para o meu organismo rejeitar o paladar e o aroma. Foi nauseante, achei que fosse vomitar. Tive que parar depois do segundo copo e pedir ao enfermeiro que buscasse um pouco d’água, que ele deixou a postos pra eu tomar após o último gole do tal Glutol a 75mg. Aquele gosto ainda vai ficar um tempo na lembrança.

De jejum há muitas horas, quando fui liberada fiz um lanche lá mesmo antes de seguir pra casa. O resultado sai na próxima segunda. Por favor, torçam por mim, para que eu não tenha nenhuma surpresa.

 

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