Uma das coisas mais difíceis que tive de enfrentar na preparação para a chegada do Felipe foi montar a cadeirinha do carro. A ponto de nos questionarmos pra que tanto estudo e diploma se eles não servem pra nada nessas horas.
Durante a instalação, o nível de irritação vai subindo, o calor aumentando, o espaço apertando. O primeiro conselho que dou é deslocar o carro para um lugar muito iluminado, de preferência aberto e com luz do dia. Ligue o ar-condicionado no máximo, cole os bancos da frente no painel, deixando bastante espaço para a sua movimentação na parte de trás do carro. Você está prestes a entrar em guerra. Estude o inimigo. Leia e releia manual, assista a diversos filmes no YouTube. Se puder contar com a ajuda de um veterano voluntário, um pai experiente, nem pense duas vezes. Aceite.
Só com muita prática fui pegando a manha. O meu desespero era tão grande que me recusava a remover a cadeirinha para dar carona a quem quer que fosse. Se as pessoas cabiam no espaço livre, ótimo, senão, que seguissem de táxi com a Angélica. Remover para limpar a base e o estofado onde, inevitavelmente, caem restos de biscoito? Apenas no dia em que eu encontrasse uma barata ou um rato morando ali.
Consegui com uma amiga querida e muito generosa uma segunda cadeirinha emprestada para colocar no carro do meu marido e, com o tempo, ganhei uma terceira, de outra grande amiga, que foi parar no carro dos meus sogros. Acabei comprando uma quarta para o carro da minha mãe. Equipei a família, cada um com a sua, para evitar o tira e põe de carro em carro. Assim, os avós também não têm desculpa para não levar o neto para passear.
Nos primeiros dois anos de vida, o recomendável é que a cadeirinha fique virada para trás, de costas para o motorista. Mas, em termos de segurança, mais do que a idade, o que interessa é o peso e a altura do seu filho. Acho que 9kg é o peso mínimo para poder virar o assento pra frente. Enquanto o bebê está de costas, o motorista tem pior visibilidade da criança. Por isso considero que comprar um espelho daqueles forrados com espuma em volta e que prendem no encosto do banco, permitindo a troca de olhares entre ambos, é uma ótima pedida, especialmente nas saídas em que a mãe ou o pai têm de lidar sozinhos com o bebê.
Sempre acreditei que as cadeirinhas, em geral, são muito seguras, apelidadas até de “cadeirinha do órfão”, porque, no caso de uma forte colisão, as chances são de que o bebê sobreviva e os pais não… Deus me livre! Recentemente, porém, gerou certo alarde uma reportagem divulgada no programa Auto Esporte sobre testes realizados com cadeiras certificadas no Brasil pelo Inmetro. Quase todos os modelos foram reprovados no teste de impacto lateral.
A matéria também apresentava uma nova norma que entrará em vigor nos próximos três anos, obrigando os carros produzidos aqui a virem de fábrica com um dispositivo que acopla direto na cadeira, dispensando o uso do cinto de segurança para firmar o assento. O sistema, chamado de Isofix ou Latch, comum na Europa e nos EUA, prevê pontos de ancoragem soldados na estrutura do automóvel. Recomendo a quem ainda for comprar uma cadeirinha, já pensando num segundo filho, a pesquisar melhor o assunto e encontrar um modelo que já permita o encaixe, pois a substituição se tornará obrigatória. É apenas uma questão de tempo.