Paranóias de uma gestante

A teoria de que um dos sinais de que o parto está próximo é quando o bebê fica mais quieto foi por terra ontem à noite. Embora tenha estado quieto ultimamente, quando deitei na cama o Lucas começou um treino olímpico que mais parecia uma série de salto duplo twist carpado. Tô até com medo de que ele tenha mudado da posição cefálica para a pélvica, tamanhas eram as ondulações percebidas na minha barriga. Não preciso nem dizer que fiquei ainda mais ansiosa, achando que seria a hora.

Acordei bem, trabalhei um pouco no computador e fui visitar uma amiga muito querida que, na semana passada, removeu as duas mamas preventivamente, por conta da descoberta de um tumor maligno em uma delas. Ela tem um filho pequeno e desejo de engravidar outra vez, por isso não quis correr o risco de tirar apenas o nódulo. Graças a Deus a cirurgia foi um sucesso e temos mil motivos para comemorar. Mas não consegui parar de pensar no sofrimento dela e da família. Então me lembrei da coincidência de uma outra grande amiga, que passou pela remoção de alguns tumores na tireoide e no pescoço e por um tratamento penoso de iodoterapia. Ambos os casos foram descobertos cerca de dois anos depois da maternidade.

Certa vez me explicaram que na gravidez a multiplicação celular é gigantesca. E da mesma forma que gera milhares de novas células boas, o corpo fica mais propenso também a multiplicar as células ruins. Será que isso procede mesmo? Ficamos mais suscetíveis a desenvolver doenças depois do momento mais pleno da nossa existência? Algum médico aqui no grupo pra me ajudar a elaborar isso melhor?

Me lembro que na época dessa outra amiga, marquei uma ultra de tireoide só por desencargo de consciência. E eu ainda nem tinha filhos. Agora acho que vou querer fazer um PetScan completo depois que o Lucas nascer! Confesso que bateu um certo pânico de desenvolver um câncer pós-gestação, já não bastasse o meu medo de morrer no parto, cada vez mais crescente. Meu vizinho de prédio é um oncologista, cancerologista e cirurgião bem famoso, dr. Luiz Augusto Maltoni Jr. No nosso próximo encontro no elevador ou na garagem vou tentar sondar quais os exames preventivos e acessíveis…

Hoje brinquei com a Mariana Broitman, meu braço direito e esquerdo na Agenda Carioca, dizendo que se algo acontecer comigo no parto espero que ela dê continuidade aos projetos envolvendo a marca. Ela respondeu algo do tipo “sai pra lá, cruz-credo” e não me levou a sério. Estamos muito felizes com o Guia da Lapa que acabamos de imprimir, em parceria com a construtora Gafisa, que vai lançar o Mood, um empreendimento imobiliário muito bacana e supercool no bairro. Em breve, vocês poderão encontrar o guia nas principais livrarias.

Saindo da casa da minha amiga convalescente fui visitar meu afilhado Tom, que já está com quase três meses. Beijei muito aquela cabecinha ruiva e fiquei me imaginado com o Lucas nos braços daqui a pouco. Ganhei uma golfadinha de brinde e me lembrei das vezes que isso aconteceu com o Felipe quando eu estava na rua. Numa dessas, eu tinha uma reunião para a qual precisava ir direto, enquanto ele ficaria com a babá, me esperando no clube. E lá fui eu com aquele cheirinho peculiar e a camisa manchada.

Desde então passei a guardar uma muda de roupa pra mim no porta-malas do carro. Também sempre tive um daqueles organizadores de nylon com um kit pro bebê preso no banco de trás do carona, bem em frente à cadeirinha do neném, com fraldas, lenço umedecido, álcool gel, pomada, fralda de pano e chupeta. A ideia não era contar com o kit na rotina, apenas nas emergências. E foram diversas as ocasiões em que uma fralda ou chupeta me salvaram. O pior que podia acontecer era o Felipe ter crescido e eu ter esquecido de trocar o tamanho da fralda do kit, que ficava um tantico pequena.

Meu terceiro compromisso do dia surgiu a partir de uma constatação ontem no clube. Meu sobrinho Francisco estava com um Band-Aid no braço por conta da vacina de meningite B tomada na véspera, e me dei conta de que ignorei esse tema, do qual tinha ouvido falar apenas por alto. Dormi pesquisando na internet e hoje sondei se as mães da turma da escola já tinham dado nos seus filhos. Verifiquei que muitas delas, sim. Me senti uma desinformada.

Disponível apenas em clínicas particulares e consultórios, essa vacina chegou ao Brasil em maio de 2015. Promete combater o vírus da meningite B, que tem, entre as várias meningites, a maior taxa de letalidade. Leiam mais informações neste artigo do dr. Drauzio Varella:

http://drauziovarella.com.br/destaque1/vacina-contra-meningite-b-ja-esta-disponivel-no-brasil/

O que pesa na decisão de aplicar ou não a vacina? Pouco tempo de estudo sobre o novo medicamento e o preço, salgadérrimo: R$550, em média, por aplicação. Afora a necessidade de uma segunda dose de reforço dois meses depois. Fiquei num breve dilema, mas logo decidi que faria o investimento, apesar das opiniões divididas.

Hesitei entre aplicar logo no Felipe e correr o risco de lidar com os indesejáveis efeitos colaterais num momento conturbado ou esperar o Lucas nascer e resolver isso depois. Como a maioria das mães que consultei disse ter percebido no filho apenas uma dor local, decidi riscar essa vacinação da minha lista de pendências, garantindo também que ele fosse imunizado o quanto antes. Busquei o Felipe uma hora mais cedo do horário normal de saída e fui direto para o consultório do pediatra, Fernando Majzels, em Ipanema. Meu pequeno se comportou muito bem antes e chorou na medida do esperado.

Amanhã tenho nova consulta com a obstetra. Se eu não for surpreendida com uma megadilatação, a ponto de precisar ter de induzir o parto, tô apostando minhas fichas na virada pra lua cheia, que acontece na noite de quarta pra quinta…

 

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