O meu parto – parte 1

Hoje, às 23h14, Lucas completará uma semana de vida. Confiram como foi a sua emocionante chegada…

O meu parto – parte 1

Era quinta-feira, dia 2 de julho, quando saí com o Joaquim do consultório da dra. Isabella Tartari com a decisão tomada, que mais parecia uma sentença. Nós nos veríamos novamente no final da manhã seguinte e à tarde induziríamos o parto do Lucas. Não valia a pena prolongar a espera. A dilatação se mantinha em 4 centímetros, mas o tampão havia saído e eu completaria 40 semanas naquele fim de semana.

De lá fomos conhecer o Antonio, filho da madrinha do Lucas, a Mariana Gross, que havia nascido de manhã. Eu estava triste por ter tido de agendar o parto. Acreditava que o Lucas viria na hora escolhida por ele, sem interferências. Confesso, no entanto, que estava contente com a perspectiva de ele não nascer no mesmo dia do amigo Antonio.

Tive contrações moderadas no resto do dia, conforme vinha tendo ao longo de toda a última semana. Nada além disso. Fiz uma revisão nas malas, tentei dormir cedo, mas não consegui pregar o olho. Resolvi sentar ao computador e consegui responder a dezenas daqueles e-mails que ficam semanas no limbo das caixas postais. Transformei minha ansiedade em produtitividade.

Às seis da manhã de sexta-feira, mandei um WhatsApp para a obstetra, pois sabia que ela acordava cedo. Escrevi que estava “muito insegura sobre esse lance de induzir o parto”. Ela foi carinhosa e respondeu que era natural eu ficar dividida. Disse para eu ir fazendo a minha parte e para ficar tranquila, pois estava, sim, no tempo do Lucas. Ao meio-dia, o Joaquim e minha mãe, que dessa vez havia pedido para participar do encontro, nos sentamos com a dra. Isabella.

Ao olhar o meu semblante tristonho, antes mesmo de me examinar ela surgiu com uma nova proposta. Sugeriu realizar durante o exame um “toque” mais vigoroso, que acreditava que poderia funcionar como o estímulo que faltava para o processo do parto evoluir. Se nada acontecesse naquela noite ou madrugada, nos encontraríamos às sete da manhã de sábado na Perinatal. Não deixava de ser um tipo de indução, porém, na minha percepção, muito light. Me incomodava a ideia de chegar ao hospital com hora marcada.

Meu astral mudou instantaneamente com essa nova janela de oportunidade. O toque foi rápido e um tanto aflitivo, mas não doeu como eu esperava. O Lucas agora teria de colaborar. Eu também estava muito cansada e a possibilidade de descansar um pouco, não ir dali pra maternidade, foi um alívio.

Almoçamos os três no restaurante Irajá, que fica ao lado do consultório dela, dentro do Espaço Bella Gestante, e já escolhendo o prato no cardápio comecei a sentir contrações mais fortes a intervalos mais curtos e regulares.

Chegando em casa, fui para o quarto me deitar. Tentei dormir, só que as dores das contrações não permitiram. Por outro lado, elas não pareciam ser fortes o bastante para seguir para a maternidade. O horário do rush, em plena sexta-feira, passou a representar uma preocupação a mais. Estaria o resto da equipe médica acessível?

O desconforto e o cansaço físico e mental foram tomando conta de mim. Comecei a amarelar. No fim da tarde, quando telefonei para a dra. Isabella, mais uma vez tive a constatação da generosidade e da sensibilidade dela diante do meu conflito. Ela disse para eu voltar ao consultório antes de tomar qualquer decisão.

Não esqueço a cena dela balançando a cabeça em sinal de confirmação após me examinar e dizer que eu poderia ir pra casa pegar minhas coisas. Essas contrações “moderadas” nas horas anteriores tinham sido suficientes para aumentar a dilatação em mais dois centímetros, chegando a seis. A decisão não dependia mais da minha vontade. Senti um conforto enorme, pois parir logo era tudo o que eu mais queria naquele momento.

Argumentei que precisava tomar um banho e que não sairia correndo, já que me sentia relativamente bem. E foi exatamente o que fiz, deixando o Joaquim nervoso e preocupado com o trânsito, afinal, já passavam das seis da tarde. Tomei um bom e relaxante banho quente, sequei o cabelo, escolhi uma roupa bem bonita e ainda me maquiei.

Antes disso, telefonei para a CordVida, aliás, retornei a ligação, pois ao longo de toda a semana eles estiveram presentes, me telefonando a cada nova orientação que eu dava para que obtivessem o status do parto. Uma preocupação a menos pra mim. Eles demonstraram ter um serviço muito bem estruturado que me deu a segurança de que não haveria falhas na coleta.

Depois, liguei para a Monik Moreth e pra Juliana Vieira da Trevo Filmes, que também passaram a semana inteira em estado de alerta para garantir a filmagem do parto. No caminho soube pela obstetra que o Bazanella, anestesista que eu tinha conhecido pessoalmente e com quem havia debatido em detalhes como gostaria que fosse o parto, não poderia estar conosco, pois estava preso em outro parto, em outra maternidade, e seria substituído pelo dr. Marcus Herrera. Ao menos tive a oportunidade de conversar com ele no quarto da maternidade antes de ir pra sala de pré-parto e falar das minhas expectativas e receios.

O pediatra escolhido, dr. José Roberto Ramos, confirmou que estaria lá. O resto da equipe era formado pela Lilian Souto, instrumentadora, que conheci durante as consultas, pois ela é o braço direito e assistente da Isabella nos dias em que ela atende na Bella Gestante. Ambas seguiram juntas, e o Fernando Leite, outro assistente da obstetra, só conheci na sala de parto.

Pegamos um trânsito de 50 minutos do Humaitá até a Maternidade Perinatal, em Laranjeiras. O Lucas deu uma trégua e só tive duas contrações no trajeto. Não deveria comentar, mas foi necessário um carrinho daqueles de maleiro de hotel para levar todos os meus volumes até o quarto.

Ainda tive tempo de desarrumar as malas e mandar umas mensagens para a família antes de a equipe de enfermagem chegar para me buscar. Apesar de estar andando perfeitamente, o protocolo é sair do quarto de maca. Separei a caixa de som com Bluetooth, a câmera Gopro e o celular e vesti a camisola da maternidade.

 

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