Comida para bebês

Existem várias técnicas de introdução alimentar em bebês, ingredientes diferentes, dependendo do país, e questões culturais diversas envolvidas. Ontem participei de um encontro de culinária com a chef Manuela Sumares Biar, que deu uma aula específica sobre comidinhas para bebês a partir de seis meses baseadas em sua experiência como carioca e mãe de dois filhos.

O curso Chez Manu Bonne Cuisine acontece cerca de oito vezes por mês em um apartamento muito charmoso de Copacabana em grupos de, no máximo, oito alunos. O clima é descontraído e a proposta intimista. Recomendo muito. Já tinha ido lá outras duas vezes e aprendido receitas que ampliaram bastante o meu repertório na cozinha. Interessados podem mandar e-mail para contatochezmanu@gmail.com.

Nessa minha fase 2.0 pós-diabetes, estou mais interessada do que nunca em comer melhor. A alimentação do Felipe confesso que terceirizei demais por ter tido cuidadoras maravilhosas. Me atraquei apenas com um livro que me foi bastante útil: A melhor comida para bebês do planeta, de Karin Knight e Tina Ruggieri, traduzido da versão americana pela editora Memória Visual. Agora, com o Lucas, pretendo me envolver mais com a escolha dos produtos e o modo de preparo. Se alguém quiser recomendar mais alguma leitura, vou adorar compilar uma lista por aqui.

Voltando para a aula, a proposta da chef foi montar um encontro de cerca de três horas e meia para ensinar o beabá sobre cozimento de legumes, higienização e preparo de verduras, além de algumas receitinhas deliciosas para a fase de alimentos mais sólidos e lanches na escola. Compartilho minhas anotações, que podem ajudar outras mães:
. A primeira papinha pode ser oferecida misturando todos os ingredientes ou separando-os. A vantagem de separar está em, aos poucos, ir conhecendo as preferências do bebê.

. Ao ferver um legume, utilizar pouca água para que não se percam muitos nutrientes. E não descartar a água que sobrar. Usá-la em outra preparação, como a do arroz, por exemplo.

. Evitar arroz branco. Existem alternativas que trazem mais benefícios, como arroz integral, arroz negro e quinoa.

. Abuse das raízes, como inhame, cará, batata doce. Não fiquem só na batata inglesa.

. O sal é dispensável para a criança.

. Leguminosas (grãos) possuem ácido fítico, que não é devidamente digerido no corpo humano e pode causar gases. Procure deixar 12 horas de molho para que ele seja liberado na água.

. O músculo é uma carne com muitos nutrientes. Usar caldo de músculo para vários preparos. Basta deixar a carne em água fervida durante 15 minutos que os nutrientes passam para a água.

. Eliminar óleo de milho, soja, canola. Manuela utiliza azeite, ghee ou óleo de coco (que combina muito bem com peixe grelhado).

. Os micro-organismos nocivos à saúde morrem a uma temperatura superior a 70 graus. Basta passar água corrida no que será fervido e concentrar a higienização de alimentos que serão ingeridos crus ou com casca com produtos como Clorin.

. Morango, tomate e pimentão são os produtos com maior concentração de agrotóxico. Só os orgânicos deveriam ser oferecidos aos filhos.

. Por que oferecer Mucilon e outros cereais industriais que contêm milho (transgênico), açúcar e substâncias químicas? Substitua por aveia, farinha de linhaça ou outros cereais in natura.

. Postergar ao máximo a introdução do açúcar. A OMS indica seu consumo só após os dois anos de idade.

. Cúrcuma (açafrão da terra) tem propriedades medicinais e anti-inflamatórias. Utilize uma colher de chá dessa especiaria na água em que cozinhar grãos.

. Utilizar um fio de azeite sobre todas as refeições. O azeite tem gorduras boas para o processo cognitivo.

. Evite liquidificar os alimentos. Esprema apenas com o garfo ou passe em peneira grossa. A familiarização com as diferentes texturas é importante no processo de introdução alimentar.
Clara de ovo e mel não são indicados para menores de um ano de idade.

. O prato ideal é composto de 50% de legumes, 25% de raízes ou cereais e 25% de proteína animal ou vegetal.

. O papel laminado em volta da batata mantém a umidade, não deixando o tubérculo ressecar, além de acelerar o cozimento.

Obs: Quando Manuela enrolou a batata inglesa em papel laminado, me lembrei de uma coisa que aprendi recentemente e que fiz errado a vida inteira. O lado mais brilhante do papel é o lado nobre, que deve estar em contato com a comida. Ele possui um polimento especial, formando uma barreira que não deixa o alumínio entrar em contato com o alimento e previne que o ingrediente grude na folha. O lado brilhante também é responsável por refletir as ondas de calor. Por isso, quando ele fica virado para o lado externo, o cozimento demora mais.

E, pra encerrar, o recado da chef que calou fundo em mim: “Quem faz as comprar é você. Guloseimas não brotam na sua geladeira ou despensa. Pra evitar comer, o melhor é não comprar”.

 

IMG_1477-2IMG_1490-2IMG_1486