Ajudante café com leite

Sempre que compartilho aqui a minha preocupação com o ciúme do Felipe em relação ao Lucas, recebo bons conselhos de como envolver o filho mais velho nas tarefas diárias e como sinalizar, desde já, que ele vai participar ativamente do dia a dia do irmão, auxiliando no banho, nas trocas de fraldas etc.

Esta semana, porém, o pediatra do Felipe, dr. Fernando Majzels, que procurei porque meu filho estava com uma tosse que não passava, me deu o seguinte conselho: cuidado ao prometer mundos e fundos ao primogênito!

Durante a gravidez, os pais verbalizam o quanto esperam contar com a ajuda do irmão mais velho, mas na hora H a coisa não funciona bem assim. Ficam com medo dos movimentos mais brutos e não permitem que a criança faça nem metade daquilo para a qual foi “contratada”. Sem falar que um nariz escorrendo do rapazinho que frequenta a escola já é motivo para temer a contaminação e querer isolar os dois.

Ontem mesmo, na visita que fiz ao meu mais novo afilhado, Tom, o Felipe viu o pai dele tirando e colocando a meia de um pé do bebê. Aproveitei para tentar envolvê-lo e perguntei se ele queria fazer o mesmo no outro pé. Bastou o meu filho segurar os dedos do recém-nascido de mau jeito, puxando com força o polegar na direção contrária aos demais, pra eu ficar nervosa e arrancar a meia da mão dele. Ele fez uma tromba na mesma hora.

A leitora Branca Sister postou ontem nos comentários do Facebook uma coisa que complementa esse raciocínio: “Antonia, para as crianças, os bebês são extremamente sem graça. Até que eles comecem a interagir, vão ser ‘chatinhos’. Quando você fala para uma criança pequena que ela vai ganhar um irmãozinho, na cabecinha dela é um companheiro para as brincadeiras. Quando eles veem um bebê que ‘não faz nada’, a primeira reação é de decepção. Mas aos poucos eles vão começando a curtir”.

O pediatra também fez uma analogia interessante: “Imagine esperar meses para ganhar um brinquedo e descobrir que ele não está disponível todo o tempo, não pode ser manuseado como se bem entende, não sorri nem interage. Que frustração! A vontade é de devolver, quebrar, se livrar do acessório, que ainda por cima virou o principal foco de atenção dos pais”.

É preciso ficar bastante atenta. A maioria das crianças se revolta com a mãe, mas algumas agridem os bebês. Uma amiga me contou, aos prantos, que tinha pego a filha arremessando objetos dentro do berço. Outra disse que o filho escondeu a chave do carro no meio das roupas do irmão e enlouqueceu os pais na busca, até admitir pra avó que sabia onde estava a chave: com a cara mais lavada do mundo, disse que o bebê era o culpado e responsável pelo sumiço.

Diante de tanto racional e do depoimento de mais uma amiga, que contou ter passado a cuidar de três, pois a filha mais velha resolveu carregar a boneca para tudo que é lado, exigindo para o brinquedo o mesmo tratamento do bebê, decidi o seguinte: ir atrás de um boneco bebê menino para presentear logo o Felipe. Quem sabe ele vai curtindo mais a ideia e entendendo o volume de trabalho e as novas responsabilidades?

Agora me diga onde é possível encontrar um boneco bebê menino? Fiquei revoltada. Entrei em quase todos os sites das principais lojas de brinquedos do país e nenhuma delas supõe que um menino queira brincar de boneca. Assim como é difícil encontrar fogão e panelinha que não sejam da cor rosa. Um absurdo!

Recorri à Amazon.com e encontrei esse modelo da foto que nos EUA custa 18 dólares e vai chegar aqui no Brasil, em dez dias, por US$ 50, já considerando tributos e frete.

Pra terminar, recomendo a leitura deste post sobre o assunto, pois traz alguns bons conselhos:
http://www.pequenasescolhas.com.br/ciume-com-a-chegada-do-irmao-mais-novo/
Captura de Tela 2015-04-10 às 9.56.31 AM